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B o l e t i m Tr i m e s t r a l d o I C R A F n a A m a z ô n i a
Vol 1 - Número 1 Junho 2009
AmazôniaAgroflorestal
Fortalecendo AliançasAgroflorestais na Amazônia
FRUTAMAZ e ECONEGÓCIOS: germoplasma de qualidade e agregação
de valor
RAVA: Compreendendo meios-de-vida na Amazônia
Publicações Agroflorestais na Amazônia Brasileira: 1980 a 2008
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É com grande satisfação que o ICRAF apresenta a primeira edição de seu boletim trimestral Amazônia Agroflorestal. Resultado do trabalho compartilhado entre diversos profissionais do ICRAF e do Consórcio Iniciativa Amazônica, este boletim tem como objetivos iniciar um processo que confira maior visibilidade às atividades de nosso Centro na Amazônia,
reforçando a proposta de uma alternativa agroflorestal na região.
A estrutura básica de Amazônia Agroflorestal conta com quatro partes. A primeira parte, Institucional, tem como objetivo apresentar informação institucional do ICRAF, tanto na região como a nível global, assim como matérias sobre os sócios do ICRAF na Amazônia. Nesta primeira edição, apresentamos informações institucionais básicas sobre o ICRAF àqueles que não conhecem o Centro. Nas próximas edições estarão incluidas nesta seção matérias sobre projetos desenvolvidos pelo ICRAF em outras regiões. A segunda parte, ICRAF na Amazônia, apresenta matérias sobre atividades de pesquisa, desenvolvimento, e extensão que o ICRAF implementa na região. A terceira parte, SAFs na Amazônia, inclui três sessões que tem como foco respectivamente apresentar a heterogeneidade dos contextos em que as práticas agroflorestais ocorrem na Amazônia, a descrição de projetos com ênfase agroflorestal na região, e a cada edição, a apresentação de uma espécie relevante para o uso em sistemas agroflorestais na Amazônia. Já a última parte, Conhecimento e Oportunidades agroflorestais apresentará, a cada edição, matérias sobre agências de cooperação e editais adequados para a apresentação de projetos Agroflorestais, detalhes sobre eventos e outros acontecimentos agroflorestais na região e a nível global, informações bibliográficas sobre uma temática específca extraída das Bases de Dados Agroflorestais para a Amazônia, base esta que está sendo lançada pelo ICRAF, e finalmente,
resenhas de publicações de destaque na temática agroflorestal.
Neste momento em que se discute a necessidade de conciliar a contenção e reversão do desmatamento na Amazônia com o fortalecimento de estratégias produtivas que viabilizem os meios de vida de produtores familiares e comunidades que habitam a região, Amazônia Agroflorestal tem o propósito de chamar a atenção da opinião pública para um conjunto de iniciativas em andamento que nos apresentam a alternativa agroflorestal como algo quedeve contribuir signifcativamente para o alcance dessas metas.
Índice
Transformando meios-de-vida e paisagens no mundo em desenvolvimento ............. 3
ICRAF e seus sócios na Amazônia .......... 5
FRUTAMAZ e ECONEGÓCIOS .............. 6
Meios-de-vida na Amazônia - RAVA ...... 8
Treinamentos a terceiros países ............. 9
Alianças Agroflorestais na Amazônia .. 10
Contextos Agroflorestais: Tomé-Açú ... 12
Projetos Agroflorestais: Guyagrofor ... 13
Espécies Agroflorestais: Açaí ............... 14
Oportunidades ..................................... 16
Agenda .................................................. 16
Bibliografias Agroflorestais ................ 17
Publicações Agroflorestais .................. 20
Amazônia Agroflorestal
Ano I – Edição I
Junho de 2009
Editor: Roberto Porro Redação de textos: ICRAF-LA e Iniciativa AmazônicaDesign gráfico: R. Sirengo (ICRAF) e Paulo Alves (IA)
Colaboraram nesta edição: María Eugenia Isnardi, Brendan Rohr, Marcos Tito, Flávia Cunha e Silvia Dupuy
Endereço: ICRAF - Consórcio Iniciativa Amazônica. Embrapa Amazônia Oriental - Trav Enéas Pinheiro s/n. Belém (PA). Brasil. 66095-100
www.worldagroforestrycentre.org Perguntas, comentários, sugestões, por favor envie para:
Amazônia Agroforestal é uma publicação de distribuição gratuita produzida pelo ICRAF – Amazônia. A reprodução total ou parcial de matérias desta publicação é permitida para usos não-comerciais, sempre que se mencione a fonte. Todas as imagens da publicação são de propriedade exclusiva das respectivas fontes e seu uso não é permitido sem autorização por escrito. A informação aqui proporcionada pelo ICRAF é precisa, dentro de nosso conhecimento. Contudo, o ICRAF nãoserá responsável por danos resultantes do uso desta informação.
Roberto Porro
Carta de Apresentação
Coordenador RegionalICRAF Amazônia
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O Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF), fundado em 1978, é
uma organização autônoma de pesquisa, sem fins lucrativos, cuja
visão é a de uma transformação no mundo em desenvolvimento,
em que a população rural passe a adotar de forma cada vez mais
significativa sistemas de uso da terra que incluam a integração
de árvores e cultivos agrícolas para melhorar sua seguridade
alimentar, gerar renda, e promover a sustentabilidade ambiental,
com impactos positivos em suas condições de nutrição, saúde,
moradia, e fontes de energia. A partir de bases científicas, o ICRAF
gera conhecimentos sobre os diversos papéis desempenhados
por árvores em paisagens agrícolas, e usa este conhecimento
para promover políticas e práticas a serviço da sociedade e do
ambiente.
O ICRAF é um dos 15 centros do Grupo Consultivo em Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR). Com sede em
Nairobi, Quênia, o ICRAF atua na África, Ásia e América Latina e possui sedes regionais na Índia, Indonésia, Quênia, Malawi,
Mali, além da representação latino-americana na Amazônia. Os recursos que apoiam as atividades do ICRAF provém de mais
de 50 fontes distintas, incluindo governos nacionais, fundações privadas, organizações internacionais e bancos regionais de
desenvolvimento.
Transformando Meios-de-vida e Paisagens no Mundo em Desenvolvimento
ICRAF INSTITUCIONAL
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A atuação do ICRAF na Amazônia ocorre desde
2003 no âmbito do Consórcio Iniciativa Amazônica.
Durante cinco anos, o ICRAF, juntamente com o Centro
Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) mantiveram a
secretaria executiva do Consórcio. Desta forma, o ICRAF
participa ativamente na construção e implementação da
agenda de pesquisas colaborativas da IA, cujas quatro
prioridades temáticas são:- Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas- Uso Sustentável para Áreas Desmatadas e Degradadas - Benefícios dos Bosques à Sociedade e ao Ambiente- Agregação de Valor a Produtos Amazônicos
Anterior ao estabelecimento da IA, e como
apresentado na matéria da página 6, desde 1994 o ICRAF
havia se estabelecido no Peru, iniciando uma colaboração
que já dura 15 anos com o Instituto Nacional de Pesquisas
Agrárias (INIA) e outras instituições daquele país, em
ações relacionadas principalmente ao programa de
domesticação de espécies agroflorestais.
Parcerias Agroflorestais: ICRAF e seus sócios na Amazônia
Sócios e colaboradores A estratégia de ação do ICRAF na Amazônia inclui o fortalecimento de parcerias com sócios nacionais, estaduais e locais.
Exceto no caso do Peru, onde a inserção do ICRAF foi anterior ao Consórcio, nos demais países as parcerias foram estabelecidas a partir
dos processos colaborativos no âmbito da Iniciativa Amazônica. Tais processos resultaram na elaboração de projetos ou atividades de
pesquisa nos quais há uma participação direta do ICRAF, e em muitos casos, a celebração de convênios para a execução das mesmas. É
o caso por exemplo das at ividades da R AVA (veja matéria na página 9), que incluem 14 acordos de coperação. As
A partir de um planejamento estratégico realizado em
2007, e que incluiu consultas detalhadas junto a seus parceiros
institucionais, o ICRAF estabeleceu que suas prioridades de pesquisa
até 2015 serão conduzidas através de seis programas globais (GRPs)
que buscarão obter impacto em escala suficiente para responder
aos desafios identificados na interface entre desenvolvimento
e meio-ambiente. Cada um dos programas de pesquisa, listados
abaixo, integra abordagens voltadadas a soluções para a busca de
meios-de-vida sustentáveis, e à conservação ambiental.
1. Domesticação, uso e conservação de germoplasma
agroflorestal de qualidade superior - Maior acesso de produtores
familiares e comunidades a sementes e mudas de espécies arbóreas
prioritárias, e apoio a serviços de provisão deste material genético.
2. Aumento da produtividade de sistemas agroflorestais em
comunidades e estabelecimentos rurais - Promovendo sinergias
entre componentes arbóreos, cultivos anuais, e criação animal,
expandindo e utilizando a biodiversidade, o conhecimento
ecológico local, e considerando interações solo-planta.
3. Agregação de valor e melhor acesso a mercados de produtos
agroflorestais para produtores familiares - Aumento da renda e
melhores condições de vida através da expansão de oportunidades
de mercado para produtos agroflorestais.
4. Intervenções agroflorestais para reduzir riscos de degradação
da terra - Desenvolvimento de metodologias para a avaliação e
quantifcação de riscos para a saúde do solo em múltiplas escalas.
5. Inserção de estratégias agroflorestais no apoio a produtores
e governos para lidar com mudanças climáticas - Aumentando a
estabilidade e resiliência frente à atual variabilidade climática e a
mudanças futuras mais pronunciadas.
6. Políticas e incentivos para paisagens agroflorestais multi-
funcionais proporcionando serviços ambientais - Fortalecendo
a provisão de serviços ecossistêmicos associados às práticas
agroflorestais.
Localidades de pesquisa do Consórcio Iniciativa Amazônica
5
São 12 as pessoas que trabalham pelo ICRAF na
Amazônia, distribuidas entre os escritórios no Peru (Lima e
Pucallpa) e no Brasil (Belém). A coordenação e representação do
Centro é exercida desde 2003 desde Belém, na sede do Consórcio
Iniciativa Amazônica, por Roberto Porro, antropólogo e engenheiro
agrônomo. Julio Ugarte, engenheiro florestal que desde 2002
está vinculado ao ICRAF, atua como coordenador nacional no
Peru, sendo responsável por atividades do GRP-1 (germoplasma)
e GRP-3 (mercados). Em 2007 passou a atuar pelo ICRAF Abel
Meza, engenheiro agrônomo e especialista em solos, atualmente
responsável pelo escritório do Centro em Pucallpa, e cuja atuação
vincula-se ao GRP-2 (produtividade agroflorestal). Já em 2008
Roger Pinedo, também agrônomo, juntou-se à equipe em Pucallpa,
apoiando ações nos GRPs 1, 2 e 3. Silvia Dupuy (Lima) e Marjorie
Avila (Pucallpa) são as responsáveis pela assistência executiva e
administrativa do Centro no Peru. Em meados de 2009, a equipe do
ICRAF no Peru passou a contar com Kristina Arevalo, antropóloga,
e que iniciará pesquisas relacionadas a conhecimento tradicional
associado à qualidade do solo, colaborando com produtos para o
GRP-4 (solos) e GRP-6 (serviços ambientais).
Já no Brasil, somente em 2007 a equipe do ICRAF em
Belém foi ampliada, com a chegada do engenheiro florestal Marcos
R. Tito, pesquisador nas áreas de mudanças climáticas (GRP-
5) e serviços ambientais (GRP-6). Já em 2009, Jamie Cotta, que
é ecóloga, juntou-se à equipe, assim como Javier Ruiz, também
ecólogo, atualmente estagiário. Ambos dedicam-se a pesquisas
que relacionam meios-de-vida e meio-ambiente, contribuindo
principalmente para produtos do GRP-3 e GRP-6. Além dos quatro
pesquisadores, a equipe do ICRAF-Belém conta com a participação
de Juliane Frazão, assistente executiva, e de Walbert Monteiro,
estagiário em informática. O ICRAF conta com o apoio direto da
equipe que atua pela Unidade de Gestão do Consórcio Iniciativa
Amazônica, em Belém: María Eugenia Isnardi, Flávia Cunha, e
Paulo Alves (comunicações), Sandra Holanda, Zíngara Azevedo e
Katiane Silva (administração).
Recursos Humanos
instituições sócias do ICRAF na Amazônia incluem os institutos nacionais de pesquisa agropecuária, outros institutos de pesquisa e
extensão que atuam a nível regional ou estadual, universidades com atuação na Amazônia, e organizações locais, sejam elas ONGs
ou organizações do movimento social.
A partir da próxima edição do Amazonia Agroflorestal, uma instituição sócia do ICRAF receberá destaque nessa seção, sendo
apresentadas suas atividades específcas relacionadas a sistemas agroflorestais.
Instituições Parceiras do ICRAF na Amazônia
R. Porro, A. Meza, S. Dupuy, M. Tito, J. Ugarte, M. Ávila e R. Piñedo
W. Monteiro, J. Ruiz, B. Rohr, P. Alves, J. Frazão, J. Cotta, E. Isnardi e F. Cunha
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Desde o início de suas atividades no Peru, o ICRAF, em colaboração
com seus sócios estratégicos, o Instituto Nacional de Pesquisas Agrárias (INIA-
Peru) e o Instituto de Pesquisas da Amazônia Peruana (IIAP), tem o objetivo de
prover bens e serviços às comunidades rurais através da promoção de sistemas
agroflorestais. Esta iniciativa responde às necessidades das populações das zonas
rurais da Amazônia Peruana em condições de pobreza ou pobreza extrema, que
dependem principalmente da agricultura migratória e da extração seletiva de produtos
florestais madeireiros e não-madeireiros; atividades que, eventualmente, conduzem
à degradação ambiental e à redução na qualidade de vida das comunidades.
Um dos maiores obstáculos para elevar a produtividade dos sistemas
agroflorestais é a falta de oferta de germoplasma de qualidade proveniente de espécies
arbóreas. Por esta razão, as ações do Projeto Global de Pesquisa (GRP, na sigla em inglês)
relacionadas a germoplasma (GRP-1) foram priorizadas pelo ICRAF na Amazônia peruana.
Os GRPs do ICRAF servem como base para planejar as intervenções do
Centro. O GRP-1 se refere à domesticação, uso e conservação de germoplasma de
qualidade superior de espécies agroflorestais. Seu objetivo é melhorar o acesso
a germoplasma de alta qualidade das espécies florestais priorizadas localmente e
assegurar o funcionamento ideal dos sistemas de disponibilidade de sementes e mudas.
Espera-se assim obter (1) germoplasma arbóreo melhorado e o desenvolvimento
da informação relacionada através de metodologias apropriadas e (2) cadeias de
abastecimento de sementes e mudas através de alianças estratégicas com atores-chave.
Antes da implementação do GRP-1, que recebeu esse nome
em 2008, o ICRAF, em parceria com seus sócios nacionais, iniciou
um programa de domesticação de espécies arbóreas em 1994. O
Programa de Domesticação de Espécies Árbóreas Agroflorestais
consistiu de um projeto participativo em áreas de agricultores nas
várzeas da Amazônia peruana, nas regiões de Ucayali (Pucallpa)
e Loreto (Yurimaguas). Os objetivos do programa foram: (1) gerar
informação básica sobre variação genética em espécies árbóreas
agroflorestais prioritárias, (2) conservar os valiosos recursos
genéticos dessas espécies, (3) produzir germoplasma de alta
qualidade para essas espécies e (4) contribuir para o desenvolvimento
econômico e social das comunidades rurais. Sua filosofia é baseada
no desenvolvimento e na conservação dos recursos genéticos
através do uso e da comercialização por agricultores familiares.
Na domesticação participativa, agricultores e pesquisadores
colaboram na identifcação, coleta, avaliação, seleção, manejo e
multiplicação de germoplasma melhorado das espécies escolhidas:
pau-mulato (Calycophyllum sprucearum), mutamba (Guazuma
crinita), ingá (Inga edulis), e pupunheira (Bactris gasipaes).
A metodologia incluiu o desenvolvimento de atividades
colaborativas com as instituições locais e as comunidades rurais. As
etapas do processo envolveram a coleta de sementes das espécies
prioritárias, instalação e avaliação de testes de procedência e
de progênie nas parcelas dos agricultores, a seleção do melhor
germoplasma, e, a médio prazo, a transformação dos ensaios de
progênie em uma rede de parcelas provedoras de germoplasma
selecionado e de madeira, além da produção de mudas em
viveiros familiares e a conservação dos recursos genéticos pelas
comunidades. Antes de iniciar os testes nas áreas dos agricultores
e estabelecer os compromissos entre as partes, foram consideradas
FRUTAMAZ e ECONEGÓCIOS: integrando provisão de germoplasma e agregação de valor
Por: Julio Ugarte e Roberto Porro
ICRAF EM AÇÃO NA AMAZÔNIA
Fotos: J. Cornelius
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as seguintes atividades: seleção da região de trabalho, seleção do
agricultor e da localidade adequada para cada espécie, dentro de
cada lote, e a preparação de uma carta de entendimento entre cada
agricultor e o Centro. As áreas de trabalho foram representativas da
zona de estudo quanto às condições climáticas e socioeconômicas.
Os critérios de seleção dos agricultores foram seu conhecimento,
habilidade e disponibilidade para trabalhar em projetos de forma
participativa, pertencer a um grupo socioeconômico representativo
da região, e a segurança quanto à posse da terra, entre outros.
Atualmente, mediante o aporte do programa Inovação
para a Competitividade da Agricultura Peruana (INCAGRO),
a metodologia participativa empregada para o melhoramento
das espécies arbóreas está sendo usada em outras espécies
fruteiras nativas da Amazônia, sendo selecionadas o camu-
camu (Myrciaria dubia) e o buriti (Mauritia flexuosa), que, ao
lado da pupunha, formam um conjunto inicial de espécies
através das quais a população rural menos favorecida poderia
melhorar seu sistema de produção. O objetivo do projeto
FRUTAMAZ, apoiado por INCAGRO, é criar e implementar
um programa inter-institucional sustentável de melhoramento
e conservação genética de espécies fruteiras amazônicas,
capaz de responder às demandas nacionais por germoplasma
melhorado de frutas priorizadas a curto, médio e longo prazos.
Os agricultores que participam das ações do FRUTAMAZ
estão organizados em uma associação de produtores de
germoplasma selecionado (sementes e mudas) e formaram uma
empresa de venda de produtos madeireiros e não-madeireiros.
Com isso, praticam a integração de ações relacionadas à
disponibilização de germoplasma, com ações que buscam a
agregação de valor e o desenvolvimento de mercados para
produtos agroflorestais, que no ICRAF estão abarcadas pelo GRP-3.
Com efeito, desde 2008 o ICRAF, em sociedade
com o Consórcio de Desenvolvimento Sustentável de Ucayali
(CODESU) e com aportes do fundo de troca de dívidas para a
conservação da natureza e desenvolvimento (Fundo das Américas
- FONDAM), está executando o projeto “Uso de germoplasma
seleto de mutamba, capirona, ingá e pupunha proveniente de
parcelas multiplicadoras, para o aumento de renda de produtores
familiares na Amazônia, com uma perspectiva de econegócio”,
conhecido como projeto ECONEGÓCIOS. A Associação de
Produtores de Sementes e Madeira de Qualidade da Bacia de
Aguaytía (PROSEMA) é a organização que agrupa os produtores de
sementes agroflorestais de Ucayali e que participam proativamente
no projeto, buscando elevar a competitividade dos sistemas
agroflorestais, com ênfase especial na sustentabilidade da produção
comercial de sementes para além dos limites temporais do projeto.
Como resultado se espera que o PROSEMA se fortaleça
institucionalmente e desenvolva sua visão comercial através de uma
empresa. Além disso, se espera que as parcelas multiplicadoras de
mutamba, capirona, ingá, pupunha e outras espécies selecionadas
atendam à demanda nacional e cumpram as normas peruanas
vigentes para a produção, comercialização e certificação de sementes
florestais. A aliança estratégica no âmbito do ECONEGÓCIOS
está relacionada à gestão do negócio pela empresa comercial de
propriedade de PROSEMA, contando com capital e infraestrutura
necessária. O papel do ICRAF no projeto ECONEGÓCIOS centra-
se na supervisão técnica da parte produtiva e no desenvolvimento
de capacidades dos sócios locais comprometidos, enquanto
que PROSEMA executa diretamente as atividades, acumulando
uma experiência institucional que lhe servirá em seu futuro
papel de provedor de sementes. Através do fortalecimento
dessas instituições, espera-se manter um fluxo constante de
germoplasma florestal e de produtos e serviços relacionados aos
produtores e aos demandantes, contribuindo para a qualidade de
vida local, conservação ambiental e desenvolvimento regional.
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Compreendendo os meios-de-vida na Amazônia através da RAVA A missão do ICRAF na Amazônia pode ser apresentada
numa sentença relativamente simples: promover a prática
agroflorestal como alternativa viável e produtiva para produtores
familiares da região, e ajudar a preservar as florestas que tornam
possível os meios-de-vida destas famílias. No entanto, a promoção
eficaz de tal alternativa requer um conhecimento substancial dos
contextos específicos e de interações entre produtores e os bosques
que a eles provêem sua subsistência.
A Rede de Estudos das Condições Amazônicas de Vida e
Ambiente (RAVA) foi criada em 2007 pelo ICRAF no âmbito da IA,
com financiamento do Fundo de Desenvolvimento Institucional do
Banco Mundial, e co-financiamento do ICRAF e outros membros
da IA. O objetivo da rede é analisar as condições de vida de
diferentes comunidades amazônicas e produzir uma linha de
base sobre como as atividades florestais, agroflorestais e agrícolas
contribuem para o bem-estar dessas comunidades, assim como
suas consequencias para com a conservação ambiental.
Desde que a pesquisa de campo começou, em final de
2007, estudos socioeconômicos estão sendo levados a cabo em
14 localidades de sete países amazônicos. Cada local de estudo
RAVA é um território equivalente a um ou mais distritos, ou a uma
bacia amazônica na qual habitam comunidades que dependem da
floresta e seus produtos, e de outros recursos naturais.
A RAVA utiliza uma metodologia de pesquisa sistemática,
interdisciplinar e colaborativa adaptada do PEN (Rede de Ambiente
e Pobreza, na sigla em inglês), um programa de pesquisa global
implementado pelo Centro Internacional de Pesquisa Florestal,
instituição membro da IA. A intervenção, nesse caso é feita através de
colaborações diretas
com universidades
amazônicas e
instituições locais. Em
cada localidade da
RAVA, uma pequena
equipe de pesquisa
inclui normalmente um
professor universitário,
um estudante de
pós-graduação, um
pesquisador ou técnico de uma instituição local, e entrevistadores
de campo. Cada equipe esteve em campo por quatro ou cinco vezes
em um período de 12 meses, durante o qual foram conduzidas
entrevistas e aplicados questionários a amostras aleatórias de 150
domicílios, e a grupos focais, com o objetivo de avaliar e melhor
entender suas condições de vida.
Equipes locais já concluiram a coleta de informações em
cinco países, e as visitas de campo trimestrais estão ocorrendo
na Venezuela e no Suriname. A base de dados regional, que
compreenderá informações de um total de duas mil famílias em
cerca de 120 comunidades, será construida através da integração
dos dados dos 14 estudos. Durante os próximos seis meses, as
equipes estarão trabalhando na verificação e limpeza de dados que
já foram colhidos e registrados. Enquanto isso, estarão recebendo
treinamento on-line em STATA, um programa computacional de
análise estatística. Também elaborarão projetos para a continuidade
das pesquisas colaborativas. Existem planos para editar um volume
sobre a pesquisa RAVA, assim como publicações disseminando os
resultados de estudos específcos em cada localidade.
Com a compreensão detalhada dos meios-de-vida
das comunidades amazônicas obtido através das pesquisas
no âmbito da RAVA, a missão do ICRAF na região prosseguirá
com maior clareza, implementando pesquisas para viabilizar
alternativas agroflorestais que melhor atendam às necessidades das
comunidades mais vulneráveis na região.
Integrando conhecimentos amazônicos: Desde seu esta-
belecimento, a RAVA realizou workshops anuais nos quais
seus participantes planejaram e coordenaram atividades,
trocaram experiências, resolveram dificuldades comuns, e
receberam treinamentos em análise de dados. Sobretudo,
através deste processo construiram-se relações interpessoais.
“Conheci pessoas maravilhosas e entendi como eles vivem, o
que o babaçu representa para eles, as atividades que geram
renda, e o modo com que eles se organizam tendo o babaçu
como um recurso comum. Trabalhando na RAVA eu cresci
tanto como profissional quanto como pessoa. Eu obtive um
profundo entendimento da Amazônia brasileira, e isso é exata-
mente o que eu quero compartilhar com todos após o término
da análise de dados e do documento narrativo.”
Javier Ruiz, membro da equipe RAVA no Maranhão, Brasil.
Foto: J. Cardenas
Foto: R. Babigumira
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Disseminando a proposta agroflorestal através de treinamentos a terceiros países
Em 2006, o ICRAF e a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), no âmbito do Consórcio Iniciativa
Amazônica (IA), com o apoio da Agência Brasileira de Cooperação
(ABC), somaram esforços e asseguraram a assistência do
governo japonês para um programa de treinamento agroflorestal
internacional que vem sendo realizado no Brasil.
A iniciativa, programada para durar até 2010, é parte
do Programa de Treinamento para Terceiros Países (TCTP, na
sigla em inglês) lançado pela Agência Japonesa de Cooperação
Internacional (JICA) que viabiliza que países em desenvolvimento
promovam programas de treinamento para participantes de outros
países em desenvolvimento, com financiamento do Japão. O
TCTP agroflorestal permite que representantes de outros países
na Amazônia se desloquem ao Brasil, onde recebem treinamento
oferecido pela Embrapa, ICRAF e por convidados que são
especialistas em tecnologia agroflorestal. Os participantes então
retornam aos seus países com novos conhecimentos e habilidades,
que são disseminados em suas localidades de origem, aumentando
o potencial de impacto da tecnologia agroflorestal como uma
alternativa para recuperação de áreas degradadas, combate à
pobreza e preservação da biodiversidade.
Reações positivas dos participantes do curso serviram
para reforçar a convicção do ICRAF que o programa é essencial
para promover alternativas agroflorestais na Amazônia. De acordo
com o participante José Fiallos, do município de Mera, Equador, “a
metodologia usada no evento foi muito efetiva, já que permitiu-nos
conhecer pessoas que trabalham em áreas específicas, dando-nos
oportunidade de continuar a discussão além do curso”.
Entre 2007 e 2010, cinco Treinamentos em Tecnologias
Agroflorestais ocorrerão em Belém e municípios próximos, no
Estado do Pará, Brasil. A programação inclui visitas ao município de
Tomé-Açu, para conhecer os sistemas agroflorestais implementados
pela colônia japonesa (veja matéria na página 12). Apesar do TCTP
ser organizado por instituições brasileiras para treinar participantes
de outros países, a organização do evento também apoiou
participantes de outros estados da Amazônia brasileira.
O ICRAF ainda proveu cinco réplicas locais do treinamento
após o primeiro curso do TCTP em 2007. Esses treinamentos
aconteceram em Riberalta (Bolívia), Mera (Equador), Florência
(Colômbia), Pucallpa (Peru) e Boa Vista (Brasil) e funcionaram para
disseminar as lições aprendidas no curso de Belém.
Até agora, três cursos internacionais já ocorreram, sendo
o mais recente em novembro último. Trinta e quatro técnicos de
Brasil, Colômbia, Equador e Peru participaram do curso que teve
duração de vinte dias, incluindo aulas práticas e teóricas, estudos
de campo, e troca de experiências agroflorestais. O próximo curso
está programado para setembro deste ano.
Fotos: R. Porro
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Fortalecendo Alianças Agroflorestais na Amazônia Os termos desenvolvimento sustentável, conservação e
sistemas agroflorestais estão comumente associados a iniciativas
ambientais recentes. O surgimento do ICRAF no final dos anos
70 serviu para apoiar tal linha de pensamento. Porém, enquanto
a presença do ICRAF na América Latina é relativamente recente,
a prática agroflorestal na região é bem anterior. Tempos antes
dos europeus chegarem às Américas, comunidades amazônicas
praticavam uma agricultura em harmonia com a floresta ao
redor, reconhecendo os vários benefícios das interações entre
a vegetação e o ambiente. Muitas dessas práticas, na verdade,
nunca acabaram, e estão na base da maioria do uso agroflorestal
da terra na Amazônia nos dias de hoje.
Entre agosto e dezembro de 2008, o ICRAF, juntamente
com instituições parceiras do Consórcio Iniciativa Amazônica
(IA), organizou uma série de workshops destinados a fortalecer
sinergias entre as iniciativas agroflorestais que já existiam na
Amazônia. Os workshops foram promovidos para lançar o
que foi designado por “Alianças Agroflorestais na Amazônia”
(AAA), e tiveram lugar em seis localidades amazônicas no Peru,
Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia.
O objetivo principal dos workshops foi facilitar a
promoção de debates entre o público interessado concernente a
experiências e iniciativas de pesquisa para promover sistemas e
práticas agroflorestais na Amazônia. A ênfase nestas discussões
foi a identificação da heterogeneidade de contextos sócio-
ambientais onde são realizadas práticas agroflorestais na região,
e o atual estado desses sistemas agroflorestais, incluindo o
reconhecimento de suas principais fortalezas, das limitações
para sua adoção em larga escala, assim como as situações que
ainda demandam pesquisas mais aprofundadas.
De acordo com Roberto Porro, coordenador regional
do ICRAF, enfatizar parcerias institucionais gradualmente se
transformou numa questão central tanto no Centro como em
todo o Grupo Consultivo Internacional em Pesquisa Agrícola
(CGIAR), do qual o ICRAF faz parte. É nesse sentido que surge
o apoio à promoção das AAA. “Na África e na Ásia, já existem
redes agroflorestais mais desenvolvidas, com uma forte ênfase
em educação agroflorestal. Na Amazônia, as próprias Alianças
definirão suas prioridades específicas, incluindo o objetivo
adicional de fortalecer a colaboração regional relativa à temática
agroflorestal.”
Cada workshop contou com uma média de 30
participantes e foi dividido em cinco sessões: (1) experiências
anteriores dos participantes em redes agroflorestais; (2)
expectativas de participação em redes agroflorestais; (3)
caracterização do contexto sócio-ambiental da região; (4) ações
prioritárias em curto, médio e longo prazos; e (5) próximos passos
a seguir. Durante essas reuniões, os participantes expressaram
seu comprometimento para formar e manter uma rede dinâmica,
que apresente uma posição neutra, transparente, acessível,
multifacetada, e que fortaleça o desenvolvimento local, regional
e nacional.
Entre as ações prioritárias a curto e médio prazos,
estiveram a análise da cadeias produtivas de componentes
agroflorestais; a definição de estratégias de ação; apoio para o
gerenciamento de projetos e programas de financiamento; e a
Matéria de Capa
11
promoção de workshops para
monitoramento e avaliação de projetos. A
longo prazo, os participantes identificaram
como prioridades: 1) fortalecimento no
acesso a mercados; 2) fortalecimento da
capacidade de gestão de negócios; 3)
promoção de eventos para geração de
capacidades e disseminação dos resultados
da rede; e 4) proposição de políticas e
projetos para desenvolvimento agroflorestal
a nível local e regional.
Já nos meses de maio e junho
deste ano, uma segunda rodada de
workshops ocorreu em cada região. De
acordo com o pesquisador
do ICRAF Marcos Tito,
“a idéia principal por trás
dessas reuniões foi continuar
o processo iniciado ano
passado, priorizando
algumas das atividades, e
principalmente, decidindo
responsabilidades e datas
para acompanhamento”.
Durante esses workshops,
enquetes sobre a situação
agroflorestal local foram feitas através da
identificação de atores-chave e instituições
potenciais; de demandas tecnológicas e de
investigação de acordo com a perspectiva
destes grupos; e da sistematização de
iniciativas de treinamento e capacitação,
assim como de projetos e programas
agroflorestais já existentes.
Uma atividade adicional durante
essa segunda rodada de reuniões foi a
apresentação de um modelo de questionário
destinado a representantes de organizações
de pesquisa e desenvolvimento, assim
como de organizações de produtores na
Amazônia, com o objetivo de registrar e
sistematizar suas percepções relacionadas à
atividade agroflorestal. Durante os
próximos meses, participantes das Alianças
conduzirão as entrevistas, cujos resultados,
uma vez analisados, serão apresentados em
uma publicação a ser lançada pelo ICRAF
no início de 2010.
A prática agroflorestal não é
um fenômeno novo na Amazônia. Mas
uma rede colaborativa de iniciativas
agroflorestais o é. O ICRAF está
determinado a manter os avanços do
processo iniciado em 2008, e continuar
a promover as Alianças Agroflorestais na
Amazônia para a implementação em larga-
escala de alternativas agroflorestais para a
região.
Durante a primeira rodada dos workshops das AAA, os grupos
trabalharam para identificar problemas específicos dos sistemas
produtivos locais. Identificaram- se contextos prioritários para
intervenção. O quadro a seguir exemplifica o contexto dos
produtores de cacau em PadreAbad, Ucayali, Peru.
Fotos: M. Tito
12
AMAZÔNIA AGROFLORESTAL
Contextos Agroflorestais na Amazônia
Do contingente de imigrantes e descendentes no Brasil, a nacionalidade
japonesa é mais expressiva no Estado do Pará, região oriental da Amazônia brasileira.
Na década de 20, atraídos pela doação de terras produtivas e por facilidades de
colonização, os japoneses viram no Estado a possibilidade de desenvolverem
atividades relacionadas à agricultura – as mesmas que praticavam no Japão. De lá pra
cá, fazendo parte do crescimento e do desenvolvimento do Estado do Pará, a colônia
japonesa se destaca pela perseverança e pelas iniciativas agrícolas bem sucedidas.
Com o fim do “boom” da borracha, que trouxe muita riqueza e prosperidade
à região por cerca de 50 anos, até o princípio do século XX, os governos amazônicos
tiveram de encontrar novas alternativas para desenvolver a região. Em 1923, Dionísio
Bentes, então governador do Pará, ciente do potencial da agricultura japonesa que
em pequenos espaços conseguia grande produção, assinou a doação de terras aos
orientais. Mas apenas em 1929 a primeira delegação de pesquisadores japoneses
chegou ao Brasil, com o objetivo de escolher as melhores áreas para a instalação
das colônias. Em setembro daquele ano nascia em Acará (atual Tomé-Açú) a primeira
colônia de japoneses da Amazônia, com 189 pessoas divididas em 43 famílias.
Os primeiros cultivos foram
os mesmos do Japão: arroz e
hortaliças, mas na época não
havia mercado para tais produtos.
Em 1931, os colonos uniram-
se na cooperativa “Companhia
de Hortaliças”, que em 1949
recebeu o nome que tem hoje:
“Companhia Agrícola Mista de
Tomé-Açú” (CAMTA). A CAMTA
auxiliou os agricultores no
aprimoramento dos cultivos de pimenta-do-reino, produto adaptado à região em 1933,
que só obteve sucesso a partir da década de 50, quando o mercado internacional
oferecia melhores preços. Porém, a prosperidade não durou tanto. Na década de 60,
doenças dizimaram boa parte das plantações.
Foi assim que surgiram os primeiros Sistemas agroflorestais (SAFs) da região.
Os japoneses passaram a consorciar frutas tropicais como maracujá, mamão e melão,
a fim de ter uma produção mais resistente às pragas. Nesse mesmo período, chegava
ao Brasil o Sr. Michinori Konagano, hoje diretor técnico da CAMTA. A escolha de
Konagano foi o cacau, que na década de 80 passou a ser amplamente cultivado pelos
cooperados, consorciado com elementos arbóreos e outras frutas. “Os SAFs são mais
complexos e resistentes. Com eles é possível diminuir o uso de pesticidas, por isso são
muito bons para o meio ambiente. Em minha propriedade mesmo já recuperei áreas
degradadas usando eles. O retorno financeiro
também é bom. E fica melhor ainda no longo
prazo”, explicou. O agricultor também participa
como voluntário de um trabalho sistemâtico
de repasse de informações sobre práticas de
plantio e manejo para os agricultores familiares
da região.
Os japoneses já eram bastante fortes
na agricultura amazônica devido às exportações
da pimenta do reino, mas desde a criação da
CAMTA, a participação deles se ampliou ainda
mais. Hoje, a Cooperativa conta com uma
unidade fabril capaz de produzir um volume
anual de 3.000 toneladas de polpa de frutas e de
armazenar 1.000 toneladas. E, devido à adoção
de práticas de agricultura sustentável, a cidade de
Tomé-Açu tornou-se referência em instituições
de pesquisa nacionais e internacionais, enquanto
os agricultores continuam com a implantação
de sistemas agroflorestais obtendo, desta forma,
seguridade alimentar e geração de renda para
suas famílias e para as gerações futuras.
Mais informação: http://www.
iamazonica.org.br/conteudo/publicacoes/
apresentWorkshop/livrosafs.pdf
Frutos da Colônia Japonesa na Amazônia
Foto: R. Porro
Foto: J. Beniest
13
O Projeto Wazaka’ye, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) junto ao Conselho Indígena
de Roraima (CIR), faz parte de uma iniciativa de vários países do Escudo das Guianas (Brasil, Venezuela e Suriname), denominado
GUYAGROFOR - “Desenvolvimento de Sistemas Agroflorestais Sustentáveis Baseado nos Conhecimentos de Populações Indígenas
e Quilombolas na Região do Escudo das Guianas”, financiado pela União Européia. O INPA desenvolve o estudo na Terra Indígena
Araçá, situada no Lavrado de Roraima, uma região de savanas habitada pelos povos Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingarikó e
Sapará. O projeto estuda sistemas agrícolas e agroflorestais, características dos solos e da socioeconomia, buscando identificar
mecanismos para fortalecer a agricultura e a economia das comunidades tradicionais, e a qualidade do meio ambiente.
Os “sítios” são quintais agroflorestais ao redor das casas, importantes para a segurança alimentar. No estudo realizado
pela estudante Rachel Pinho, em 60 sítios da Terra Indígena Araçá, foram encontradas 79 espécies de árvores, das quais 45
espécies produzem frutos comestíveis. Destas, 21 espécies surgem a partir da regeneração natural, e são mantidas nos quintais
por oferecerem alguma utilidade, principalmente por produzirem frutos comestíveis, como o jenipapo, o araçá, o dão, o jatobá e
outros. O limoeiro e a mangueira estão entre as principais espécies encontradas nos sítios, e algumas familias comercializam seus
frutos.
Sistemas agroflorestais indígenas em áreas de savanas de Roraima
Projetos Agroflorestais
Por Sonia Sena Alfaia, Katell Uguen, Rachel Pinho e Robert Miller
Comparando o solo em sítios novos e antigos (com mais de 40 anos) com o solo das áreas de Lavrado adjacentes,
observou-se que com o passar do tempo, há uma melhoria da fertilidade dos solos dos sítios, com aumento nas quantidades
de cálcio, potássio, magnésio, fósforo e zinco, e também da matéria orgânica. O desafio posto, então, é como ampliar o efeito
positivo das árvores e das práticas observadas na escala do sítio, para permitir o estabelecimento e produtividade de plantios
agroflorestais mais extensos.
Muda de pau rainha 9 meses após semeadura
no viveiro da Comunidade Araçá
Plantio de leguminosas em caiçara de banana -
Fotos: R. Miller
Comunidade Mutamba
14
Açaí: produto florestal não-madereiro e espécie agroflorestal prioritária na Amazônia!
O uso de leguminosas para adubação verde nas roças
tradicionais de corte-e-queima nas ilhas de matas foi testado pela
estudante Juliana Rocha com a participação dos agricultores. Das
leguminosas utilizadas (feijão-de-porco, feijão-guandu, palheteira e
ingá), o melhor resultado foi observado com o guandu que atingiu
altura de mais de 2 metros em apenas 3 meses. O experimento
de adubação verde na Comunidade Mutamba foi ampliado para
roças mecanizadas em áreas de Lavrado adjacentes à ilha de
mata onde os solos são mais arenosos, mais pobres e mais frágeis,
especialmente quando mecanizados. A inserção de leguminosas
como plantas de cobertura nas roças do Lavrado poderá permitir
o cultivo sem degradar o solo, diminuindo a pressão sobre os
recursos forestais das ilhas de mata.
Conforme demanda das comunidades, foi estudado
também o pau-rainha (Centrolobium paraense-Leguminosae), a
principal espécie madeireira utilizada na Terra Indígena Araçá,
muito frequente nas ilhas de mata. A comunidade em geral, está
ciente que a madeira está se tornando um recurso cada vez mais
escasso. Por isso, agricultores indígenas começaram a manejar
as rebrotas em roças e capoeiras novas, para em poucos anos
fornecer madeiras finas para caibros e, com mais tempo, esteios
para as casas. Um estudo realizado pela estudante Jessica Pedreira,
estabeleceu parcelas permanentes para medição de rebrotas de
pau-rainha de diferentes idades, visando entender melhor as formas
de manejo e gerar recomendações para melhorar a qualidade da
madeira obtida. Informações importantes geradas por esse estudo
incluem o tamanho médio das rebrotas de diferentes idades, e
o número mais indicado de rebrotas por toco. Tambem foram
feitos testes de germinação e plantio de mudas de pau-rainha em
diferentes ambientes.
O Projeto GUYAGROFOR é coordenado pela
pesquisadora do INPA, Sonia Sena Alfaia e conta com a participação
dos pesquisadores Vicenzo Lauriola (Inpa), Robert Miller (Funai),
Katell Uguen (UEA), estudantes e o técnico Leovone Magalhães
(Funai). Maiores informações encontram-se na página http://www.
guyagrofor.alterra.nl/guya_frame_page.htm
Populações no mundo inteiro vêm
conhecendo nos últimos anos os pequenos frutos roxos
do açaí. Uma palmeira da floresta inundada, o açaí
(Euterpe oleracea) é um dos alimentos mais populares
do estuário amazônico, com grande importância
econômica ao nivel do domicílio e da região.
Representando até 30% do consumo energético de
comunidades caboclas, tornou-se um dos produtos
mais importantes exportados para outras regiões do
Brasil. Os frutos são processados para fazer uma
bebida consumida diariamente pela população local.
O crescimento urbano expandiu mercados para este
Espécies Agroflorestais
Por Jamie Cotta e Roberto Porro
Monitoramento das mudas plantadas ao redor do viveiro - Comunidade Araçá
15
produto, e o consumo dele em Belém, por
exemplo, é o dobro do que o de leite. Nos
últimos anos, através da promoção do açaí
como um alimento “saudável e da moda”, o
mercado do açaí e de vários suplementos,
vitaminas, sorvetes e outros de seus
derivados tem expandido rapidamente em
outras regiões do Brazil e no exterior. A
produção vem crescendo desde os anos
90, e, em 2008, a exportação da bebida
e dos frutos chegou a US$35.9 milhões
apenas no estado do Pará1 . Hoje o açaí
representa a principal fonte de renda para
muitos pequenos produtores nas várzeas
do Pará.
O açaí, nativo das florestas
inundadas da Amazônia, é econtrado na
Venezuela, Colômbia, Equador, Guianas
e no norte do Brasil. As várias partes do
açaizeiro regularmente utilizadas incluem
os frutos para consumo, sementes para
artesenato, adubo orgânico e combustível,
folhas para coberturas de casas, estipes
para construção, e outras partes para uso
medicinal. Além disso, a venda do palmito
tem aumentado desde a década de 60 e, das
várias espécies exploradas no Brasil para
este produto, a grande maioria é coletado
de E. oleracea. Os frutos e o palmito são
coletados também da espécie de terra
firme, E. precatoria, mas o manejo das duas
espécies difere bastante. A extração do
palmito compromete a produção de frutas
e respresenta uma ameaça às populações
de E. precatoria
porque a palmeira
morre devido a cada
planta ter apenas
uma estipe. Já a
extração simultânea
de frutos e palmito é
viável em florestas
manejadas para o
E. oleracea, pois ela
cresce em touceiras.
Produtores
f a m i l i a r e s
aumentam a
produção de frutos
do açaí através da remoção de espécies
que competem por luz em áreas de
floresta. Decorre disso uma impresionante
intensificação no sistema de produção,
transformando consideravelmente o perfil
econômico rural da região. Cada vez mais
cultivado por produtores familiares, mas
também por empresas, o rendimento do açaí
em alguns casos ultrapassou o de produtos
agrícolas da região. A rápida intensificação
do açaí apresenta vários riscos, incluindo
aumento da erosão nas margens dos rios e
igarapés, potencial perda de qualidade do
solo, declínio na disponibilidade de outras
fontes de alimentos (ie. outras espécies
frutíferas), e um declínio na disponibilidade
de outros recursos úteis da várzea como
cipós e plantas medicinais. Sobretudo, a
intensificação aumenta a vulnerabilidade
econômica relacionada à dependência de
comunidades para com apenas um produto
florestal.
Produtos não-madereiros tem
sido promovidos para melhorar os meios
de vida de pequenos produtores e manter
a integridade da floresta. Contudo, o
açaí, em muitos casos, não pode mais
ser considerado como um típico produto
apenas florestal, pois sua produção está
cada vez mais associada também ao
cultivo, além da tradição de uso e manejo
nos quintais de milhares de famílias nas
várzeas amazônicas. Pesquisas e programas
para a promoção do desenvolvimento rural
nessa região deveriam considerar o açaí
como uma opção agroflorestal viável para
restaurar a cobertura vegetal em áreas já
desmatadas ou degradadas. No entanto,
segue sendo mais importante redobrar
a atenção quanto às práticas de manejo
florestal existentes, que em paralelo a uma
maior produção das palmeiras, garantam a
integridade e biodiversidade da floresta.
1Assessoria de Imprensa do Governo do
Pará. 2009. Exportação de sucos do Pará
bate recorde em janeiro. Artigo em http://
www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.
php?id=28958, accessado 10/06/09.
Fotos: J. Cotta
16
Terra Viva Grants: ferramenta para o caminho do desenvolvimento
CONHECIMENTO E OPORTUNIDADES
Oportunidades
Terra Viva Grants (http://www.terravivagrants.org/
Home) é uma página na internet que sistematiza informação
sobre agências de cooperação e oportunidades dirigidas aos
setores de agricultura, energia, meio-ambiente e recursos
naturais nos países em desenvolvimento de todo o mundo.
Jan Laarman e Caroline Amilien idealizaram e agora administram
essa iniciativa, respaldados por um histórico profissional que
abarca a docência universitária e a pesquisa; organizações sem
fins lucrativos; consultoria; e organizações internacionais. Esta
bagagem lhes permite fornecer um catálogo qualitativo, imparcial e
independente, apresentado nas categorias de: “Fundações e ONGs”,
Organizações Governamentais” e “Organizações Internacionais”.
Com o objetivo de preencher lacunas deixadas por ferramentas
de pesquisa que frequentemente produzem resultados
incompletos, o Terra Viva Grants realiza o trabalho minucioso de:
Vale ressaltar que visando atender uma maior amplitude
de candidatos a doações, na formulação do site, teve-se o
cuidado em adotar padrões de conectividade acessíveis a noventa
e nove por cento da população, em termos mundiais, e de
traduzi-lo do inglês aos idiomas espanhol, português e francês.
O foco do trabalho recai em agências que fornecem subsídios a
regiões onde está concentrada a maioria da população mundial,
mas onde a maior parte do financiamento mundial não chega.
É o caso do Sudeste da Ásia e Ilhas do Pacífico, Ásia do Leste,
Ásia do Sul, Eurásia e Ásia Central, Europa Oriental e Rússia,
Oriente Médio e África do Norte, África Subsaariana, e América
Latina e Caribe. Laarman e Amilien constataram ainda que a
maioria das doações origina-se nos países economicamente
prósperos da América do Norte e Europa Ocidental, mas
também identificaram concentrações de doações em outras
regiões como a Ásia-Pacífco e Europa Oriental, entre outras.
a) Sistematicamente buscar oportunidades
em centenas de fontes principais de doações
no “setor verde” internacional, ao combinar
uma variedade de fluxos de informação;
b) Selecionar os doadores mais relevantes, dividindo-
os em categorias, permitindo que os “localizadores”
de doações possam filtrar os perfis que lhe interessam;
c) Revisar os perfis de doadores ao longo do
ano para agregar novos, retirar os que estão
inativos e atualizar a informação de todo o site.
Agenda
Tendo como lema “Desenvolvimento florestal, equilíbrio vital” o Congresso proporcionará espaços para a análise das funções
dos bosques nos contextos local, regional e global. O evento, que se realiza a cada 6 anos, contará con a participação de renomados
debatedores internacionais do setor acadêmico, produtivo, ambiental, assim como de comunidades indígenas e rurais, gestores públicos,
e políticos vinculados ao setor. Espera-se a participação de aproximadamente 6.000 pessoas provenientes de mais de 160 países.
O Congreso incluirá apresentações, conferências, mesas redondas, eventos paralelos e exposições. Dentre as sessões temáticas do
Congresso, o ICRAF estará organizando, junto com o CATIE e a FAO, um painel denominado: A Alternativa Agroflorestal e os Desafios
Emergentes – Quando as Crises Financeiras, Climáticas e Alimentares Demandam Novas Soluções.
XIII Congresso Florestal Mundial18 a 23 de outubro de 2009 – Buenos Aires, Argentina
17
Prática Agroflorestal: O Futuro Uso da Terra a Nível Global!II Congresso Mundial Agroflorestal23 a 28 de agosto de 2009. Nairobi - Quênia
A prática agroflorestal passou a atrair atenção da comunidade
cientifca no final da década de 70. Atualmente, ao atingir a maioridade,
o uso agroflorestal da terra posiciona-se como uma opção sustentável
no mundo inteiro. Seu potencial como instrumento para atingir os
objetivos das principais convenções ambientais globais: Mudanças
Climáticas, Biodiversidade, e Desertificação, assim como as Metas
de Desenvolvimento do Milênio, tem despertado o interesse tanto de
pesquisadores quanto de decisores políticos. O papel desempenhado
pelas práticas agroflorestais para lidar com problemas ambientais e da
pobreza global nunca foi tão reconhecido como agora.
É diante deste cenário que ocorrerá o II Congresso Mundial
Agroflorestal, de 23 a 28 de agosto de 2009, em Nairobi, Quênia.
O I Congresso, realizado em 2004 na Flórida (USA), propiciou um
fórum global onde profissionais agroflorestais puderam trocar
conhecimentos, experiências e idéias, assim como planejar futuras
estratégias na pesquisa, educação e treinamento agroflorestal. O II
Congresso fortalecerá a troca de conhecimentos e reforçará ainda mais
o crescente interesse em alternativas agroflorestais que cada
vez mais vem ocorrendo no mundo inteiro. O evento servirá
como um fórum para pesquisadores, educadores, profissionais
técnicos da área agroflorestal, e decisores de políticas do mundo
inteiro para:
- Compartilhar contribuições da pesquisa, lições aprendidas,
experiências e idéias que ajudarão a influenciar decisões que
têm impacto sobre o meio de vida das populações e o meio
ambiente global;
- Explorar oportunidades e consolidar parcerias existentes em
pesquisa, educação, treinamento e pesquisa agroflorestal;
- Formar novas redes e comunidades de práticas e promover
parcerias existentes.
Haverá plenárias, simpósios e apresentações de mais de 900
trabalhos em 38 sessões técnicas e através de posters, que serão
organizadas de acordo com os três temas do Congresso:
- Seguridade alimentar e meios de vida
- Conservação e reabilitação de recursos naturais
- Políticas e instituições
O ICRAF é o organizador principal do Congresso,
com o co-patrocinio do Programa das Nações Unidas para o
Meio-Ambiente (PNUMA) também estabelecido em Nairobi,
e pelo Instituto de Ciencias Agrícolas e Alimentáres (IFAS)
da Universidade da Florida. Mais detalhes sobre o evento
podem ser encontrados na página do Congresso (http://www.
worldagroforestry.org/wca2009/).
Bibliografias Agroflorestais
Publicações Agroflorestais na Amazônia Brasileira: 1980 a 2008
Por Barbara T. T. Richers e Marcos R. Tito
O Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF), no âmbito do Consórcio Iniciativa Amazônica, desenvolveu um portal que dá livre
acesso a uma base de dados composta por mais de 1500 publicações agroflorestais para a Amazônia brasileira, produzidas a partir de
1980. Esta iniciativa tem como foco principal contribuir para o desenvolvimento e disseminação de pesquisas, iniciativas e experiências
em sistemas agroflorestais (SAFs) na região, favorecendo o acesso aberto e irrestrito ao conhecimento gerado na área.
18
A base de dados é composta por publicações técnicas
(cartilhas, manuais, relatórios de projetos, etc.), científicas (artigos,
livros, capítulos em livros, teses, monografias, dissertações,
publicações em eventos, palestras, etc.), e relatos de experiências
sobre iniciativas agroflorestais na Amazônia brasileira. Através do
portal, cada publicação poderá ser acessada através do resumo ou
documento completo em .pdf conforme as licenças autorais. Dentre
as ferramentas de busca, estarão disponíveis: a busca por título,
autores, local de estudo, ano de publicação, tipo de documento,
palavras chave, palavras presentes no resumo; além da busca
através de categorias como: tipo de sistema e tipo de produtor, ou
ainda temas específicos como: “Análises econômicas”, “Manejo”,
“Comercialização”, etc.
Nesta edição do Boletim escolhemos o tema “Mudanças
Climáticas” para apresentar algumas publicações presentes
na base de dados. A seleção inclui referências que aportam
informações sobre: fluxo, emissões e estoque de carbono em
diferentes componentes de sistemas agroflorestais; ao mesmo
tempo, a implementação de SAFs é indicada como alternativa
para minimizar o impacto agrícola na geração de gases de efeito
estufa, assim como aumentar a capacidade de adaptação de
pequenos agricultores para enfrentar futuros impactos ambientais
no ecossistema amazônico decorrentes de mudanças climáticas,
como o processo de savanização, por exemplo.
Efetividade do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no
contexto das atividades agroflorestais no Brasil: uma análise crítica.
IN: Alternativa Agroflorestal na Amazônia em transformação. 2009.
Porro, R. (Org). Pp. 381-410. L. Mattos, A. Cau
Serviços ambientais e adoção de sistemas agroflorestais na
amazônia: elementos metodológicos para análises econômicas
integradas. IN: Alternativa Agroflorestal na Amazônia em
transformação. 2009. Porro, R. (Org). Pp. 411-434. J. Börner
Indicadores para serviços ambientais em sistemas agroflorestais: um
estudo de caso no nordeste paraense. IN: Alternativa Agroflorestal
na Amazônia em transformação. 2009. Porro, R. (Org). Pp. 435-
452. C. Woda
Better RED than dead: paying the people for environmental services
in Amazonia. Philosophical Transactions of Royal Society B. Vol.
363, 2008, Pp. 1925–1932. A. Hall
Burning of secondary forest in Amazonia: Biomass, burning
efficiency and charcoal formation during land preparation
for agriculture in Apiaú, Roraima, Brazil. Forest Ecology and
Management, Vol. 242, N. 2-3, Abril 2007, Pp. 678–687. P.M.
Fearnside, R. I. Barbosa, P.M.L.A. Graça
Nutrientes e carbono no solo em áreas com diferentes sistemas de
uso da terra na região do Alto Solimões (Benjamin Constant - AM).
Dissertação de Mestrado. UFAM/INPA. 48p. 2007. A.E.S. Soares
Produção de Biomassa em Quatro Procedências de Paricá
(Schizolobium parahyba var. Amazonicum (Huber ex Ducke)
Barneby no Estádio de Muda. Revista Brasileira de Biociências,
Vol. 5, N. 2, 2007, Pp. 1047-1049. A.B. Gazel Filho, I.M.C.C.
Cordeiro, J.R. Alvarado, B.G. Santos Filho
Aporte de nutrientes ao solo via serrapilheira em pousios florestais
com taxi-branco e capoeira no Amapá. CBSAFS 6. Publicação
online. 2006. S. Mochiutti, J. A. L. de Queiroz
Carbono orgânico, carbono da biomassa microbiana e relação
Cmic/Corg, de um sistema agroflorestal sucessional, Igarapé- Açu-
PA. CBSAFS 6. Publicação online. 2006.
E. L. N. Lopes, M. L. P. Ruivo, E. C. S. Lopes, A. R. Fernandes, E.
M. A. de Abreu
Estudo da biomassa em diferentes arranjos agroflorestais na
Amazônia. CBSAFS 6. Publicação online. 2006. M.G. de Farias,
A.L.P da Silva, J.A. de Lima Junior, M.Q.de. Araujo Junior
Proambiente: um programa inovador de desenvolvimento rural.
Revista Agriculturas, Vol. 3, N. 1, 2006, Pp. 15-17. M.F. Hirata
Produção de serrapilheira em sistema agroflorestal multiestratificado
19
no Estado de Rondônia, Brasil. Ciência Agrotécnica, Vol. 30, N.
6, 2006, Pp. 1099-1105. F.L.O. Correa, J.D. Ramos, A.C. Gama-
Rodrigues, M.W.Müller
A concept for the development of free fallow management in the
Eastern Amazon, Brazil. Agriculture, Ecosystems and Environment,
Vol. 110, N. 1-2, Outubro 2005, Pp. 43-58. M. Denich, P.L.G. Vlek,
T. D. de A. Sá, K. Vielhauer, W. Lucke
Carbon and nutrient stocks in the litter layer of agroforestry
systems in central Amazonia, Brazil Agroforestry Systems, Vol. 65,
N. 1, Outubro 2005, Pp. 33-42. S. C. Tapia-Coral, F. J. Luizão, E.
Wandelli, E.C.M. Fernandes
Biomassa de raízes em sistemas agroflorestais implantados em
áreas de pastagens abandonadas da Amazônia Central. Tese de
doutorado. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia 87p.
2004. J.E.G. Ordinola
Caracterização da materia orgânica em sistemas agroflorestais no
município de Tomé-açu (PA). CBSAFS 5. Publicação online. 2004.
W. de L. Sena, R.C. Rodrigues, J. da L. Freitas, C.A.C. Costa, J.D.
Faro, A. da C. Moraes
Carbono orgânico, Nitrogênio e a razão C/N em um solo sob
sistemas agroflorestais no nordeste paraense. CBSAFS 5. Publicação
online. 2004. C.P. Ferreira, O.R. Kato, C.A.C. Costa
Estimativa de biomassa de sistemas agroflorestais das Várzeas do
rio Juba, Cametá, Pará. Acta Amazônica. Vol. 34, N. 1, 2004, Pp.
1-8. S.R.M. dos Santos, I. de S. Miranda, M.M. Tourinho
Serviços ambientais e produtos de sistemas agroflorestais e da
vegetação secundária no processo de recuperação de áreas
degradadas na Amazônia central. CBSAFS 5. Publicação online.
2004. E. V. Wandelli, E. Fernandes, S. G. A. Sousa, R. Perin, J. R.
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Avaliação da Biomassa Microbiana de um Argissolo em Área de
implantação de diferentes sistemas agroflorestais no Município de
Igarapé-Açú, Pará. Dissertação de mestrado. Universidade Federal
Rural da Amazonia. 2003. 75p. A.N. Duarte
Estoques de nutrientes nos solos de quatro ecossistemas na
Amazônia Central: mata primária, capoeira, plantio florestal e
áreas degradadas. Dissertação de mestrado. Universidade Federal
do Amazonas/INPA. 71p. 2003. M.C. Lopes
Influência do efluxo de CO2 do solo na produção de biomassa
de forragem em uma pastagem extensiva e num sistema
agrosilvipastoril. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal
de Mato Grosso. 69p. 2003. P. C. Nunes
Áreas de pousio enriquecidas com leguminosas em solos de baixa
fertilidade em Rondônia – Brasil. CBSAFS 4. Publicação online.
2002. V.G.S. Rodrigues, R.S.C. da Costa; A.M.Mendes; F. das C.
Leônidas.
Conversion of secondary forest into agroforestry and monoculture
plantations in Amazonia: consequences for biomass, litter and soil
carbon stocks after 7 years. Forest Ecology and Management, Vol.
163, N. 1-3, Junho 2002, Pp. 131-150. G. Schroth, S.A. D´Angelo,
W.G. Teixeira, D. Haag, R. Lieberei
Estrutura e estimativa de biomassa dos sistemas agroflorestais
das várzeas do Rio Juba, Cametá, Pará Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal Rural da Amazonia. 60p. 2002. S.R.M. dos
Santos
Produção de Biomassa de Diferentes Interações em Sistemas
Agroflorestais no Estado de Roraima. CBSAFS 4. Publicação online.
2002. E.F. Correa, M.I. da S. Costa, M. Mourão Jr, M.F. Arco-Verde
Nutrientes da camada de liteira, biomassa microbiana e
mineralização do nitrogênio nos sistemas agroflorestais do RECA,
em Rondônia. CBSAFS 4. Publicação online. 2002. R. Luizão, M.
de Freitas, F. Luizão, S. Alfaia
Produção de fitomassa em capoeiras melhoradas com leguminosas
arbustivas e arbóreas no Acre. CBSAFS 4. Publicação online. 2002.
S.C. Furtado, I.L. Franke
Quantifcação de biomassa de raízes em floresta nativa e floresta
plantada na Amazônia Oriental. CBSAFS 4. Publicação online.
2002. E.S. Silva, M.C. de Menezes, K.L. Mcnabb, L.G. da S. Costa
Sistema agroflorestal seqüencial alternativo: sistema agroecológico
para os agricultores familiares da Amazônia Oriental. CBSAFS 4.
Publicação online. 2002. O.R. Kato, M. do S.A. Kato, K. Vielhauer,
E.C. Leal.
Sistemas agroflorestais seqüenciais centrados no manejo de
capoeiras- possibilidades de promover o uso sustentável da terra
no âmbito da agricultura familiar amazônica. CBSAFS 4. Publicação
online. 2002. T.D. de A. Sá, A.J. Wickel, C.J.R. de Carvalho, K.V.
Hölscher, M. Denich, M. do S.A. Kato, O.R. Kato, R. Tippmann, R.
Sommer, S. Brienza Jr.
Enriquecimiento de barbechos con leguminosas arbóreas como
alternativa para la tumba y quema en la Amazonía Oriental
Brasileña. Agroforestería en las Américas. Vol. 8, N. 32, 2001, Pp.
16-19. S. Brienza Jr., M. Denich, H. Foelster, P. L. G. Viek
Sustentabilidade da agricultura por meio de sistemas agroflorestais
- experiência nas regiões de Belém e Tomé-Açu. Simpósio
Ambiental Brasil/ Japão, Belém, PA. 2000. Pp. 53-55. T.D. de A.
Sá, M. do S. A. Kato
Estoque de carbono em sistema de uso da terra em Rondônia.
Boletim de Pesquisa, 31. 14p. 1999. EMBRAPA. V. G. S. Rodrigues,
C. Castilla, R. S. C. da Costa, C. Palm.
The effects of forest conversion on annual crops and pastures:
Estimates of carbon emissions and plant species loss in a Brazilian
Amazon colony. Agriculture, Ecosystems and Environment. Vol. 69,
N. 1 ,Maio 1998, Pp. 17-26. S. Fujisaka; C. Castilla; G. Escobara; V.
Rodrigues; E.J. Veneklaasa; R. Thomasa; M. Fishera.
Biomassa vegetal em agroecossistema de seringueira consorciada
com cacaueiro no nordeste paraense. Boletim de Desenvolvimento
e Pesquisa 153. 15 p. 1994. EMBRAPA. L.B. TEIXEIRA, J.B. BASTOS,
R.F. de OLIVEIRA
Sistemas agroflorestais na amazônia brasileira: espécies arbóreas
e atributos desejáveis. CBSAFS, 1994, Porto Velho. Publicação on-
line. Silvio Brienza Jr., T.D. de A. Sá
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Publicações AgroflorestaisAlternativa Agroflorestal na Amazônia em Transformação
Alternativa Agroflorestal na Amazônia em Transformação
é uma coletânea de artigos revisados, que além de ilustrar as
dimensões do conhecimento científico relacionado aos processos
de transformação por que passa a região
Amazônica – e as oportunidades e desafios
para uma crescente aplicação dos resultados
da pesquisa agroflorestal – proporciona
uma sólida base que reflete a prioridade
que vem sendo atribuída pelo ICRAF e pela
Embrapa, no âmbito do Consórcio Iniciativa
Amazônica, para o estabelecimento de novas
alianças na pesquisa e no desenvolvimento
agroflorestal dessa região.
Os 40 capítulos das cinco seções
desta obra representam muito bem o
esforço de quase uma centena de autores
em apresentar a complexidade de contextos
para os quais a alternativa agroflorestal
já pode ser tratada como realidade.
Alternativa Agroflorestal na Amazônia em
Transformação enfoca as realidades dos SAFs
em diversos países amazônicos e na Amazônia Legal brasileira,
e é uma publicação oportuna tanto como fonte de informação a
ser aplicada em atividades de treinamento e de capacitação de
pessoal, como no suporte à formulação e à adoção de políticas
voltadas à sustentabilidade dos recursos naturais amazônicos.
Na primeira seção – Amazônia em transformação e a
alternativa agroflorestal – o leitor se depara com o atual panorama
dos SAFs sob diversos aspectos (econômicos, políticos, sociais
e culturais), e suas relações com o desenvolvimento, com o uso
sustentável de recursos naturais e com os desafios das mudanças
climáticas. Na segunda seção – Processos de degradação na
amazônia em transformação – os artigos versam sobre degradação
ambiental, especificamente sobre erosão
(hídrica e eólica), além de enfatizar
aspectos sociais e relações socioambientais,
culminando com exemplos de regeneração
de áreas degradadas. Por sua vez, a
terceira seção – Critérios e perspectivas a
observar para a adoção, monitoramento e
avaliação de SAFs – engloba textos sobre
monitoramento de processos e mecanismos
biofísicos, biogeoquímicos e socioculturais,
e suas interações em SAFs, tratando ainda
de serviços ambientais associados a esses
sistemas e à busca de indicadores de
sustentabilidade. Já o conteúdo da quarta
seção – Contextualização da adoção
diversificada de SAFs na Amazônia –
expressa a multiplicidade dos SAFs adotados
na Amazônia, tanto em termos de sua
composição, quanto da abordagem que permeia as atividades de
pesquisa e desenvolvimento associadas. Finalmente, a Seção 5 –
Processos e abordagens participativas na pesquisa agroflorestal –
mostra um rico conjunto de exemplos de adoção dessa abordagem
em ações de pesquisa e difusão voltados aos SAFs.
O volume foi editado por Roberto Porro, pesquisador
do ICRAF e representante regional na América Latina, e pode
ser adquirido junto à Embrapa Informação Tecnológica: www.sct.
embrapa.br
Vital Forest Graphics (UNEP/FAO Junho 2009)
Vital Forest Graphics é um esforço coletivo de três organizações
das Nações Unidas: PNUMA, FAO e UNFF para melhor comunicar
o valor das florestas a formadores de políticas e a públicos mais
amplos, através da análise e ilustração de assuntos relacionados
a florestas tropicais. A publicação faz um estudo das tendências
globais a respeito da cobertura florestal e trata especificamente dos
quatros maiores ecossistemas florestais, analisando as tendências
e desafios relacionados à conservação e manejo. Faz uma crítica
a alguns dos principais fatores que contribuem ao desmatamento,
inclusive a demanda por matérias-primas e energia. Ao final, o
trabalho revisa algumas das melhores práticas para o manejo
sustentável de florestas, regimes de regulamentação, manejo
participativo, e incentivos econômicos. Para obter uma cópia do
exemplar ou mais informações, visite www.earthprint.com
Incentives to Sustain Forest Ecosystem Services: a Review and Lessons for REDD (IIED Junho 2009) Decisões tomadas durante a Conferência da UNFCCC, em
Bali (2007), tornaram possível a inclusão de pagamentos para
Emissões Reduzidas de Desmatamento e Degradação (REDD) no
acordo pós-Quioto. Por conseguinte, governos de vários países
industrializados estão anunciando novos fundos dirigidos para
combater mudanças climáticas. O Governo da Noruega, mediante
sua Iniciativa Internacional de Clima e Florestas, doará até NOK
3 bilhões a cada ano, de 2009 a 2012, para a mitigação de gases
do efeito estufa produzidos pelas mudanças no uso da terra. Esta
publicação apresenta um resumo de dez informes que fazem parte
da análise da utilidade dos pagamentos por serviços ecossistêmicos
como uma ferramenta de REDD, comissionada pelo Ministério do
Meio-ambiente da Noruega. Para obter uma cópia do exemplar ou
mais informações, visite www.earthprint.com