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Atuação Crística no Âmbito Social - Lex Bos

Date post: 02-Apr-2018
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  • 7/27/2019 Atuao Crstica no mbito Social - Lex Bos

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    Lex Bos

    Atuao crstica no mbito

    social

    Parte I1

    Rudolf Steiner escreveu, no comeo do seu livro Exposio datrimembrao do organismo social 2, que ele deu de presente ao membrofundador da direo, falecido ainda jovem, escultora Miss Maryon, oseguinte verso:

    Heilsam ist nur, wenn

    Im Spiegel der Menschenseele

    Sich bildet die ganze Gemeinschaft;

    Und in der Gemeinschaft

    Lebet der Einzelseele Kraft.

    Dies ist das Motto der Sozialethik

    Curativo s , quando

    No espelho da alma do ser humano

    Se formar toda a comunidade;

    E na comunidade

    Viver a fora da alma individual.1 Uma verso anterior da Parte I apareceu no Osterheft(Caderno de Pscoa) de1983, uma verso anterior da Parte II noJohanniheft(Caderno de S. Joo) de 1994,das Mitteilungen aus der anthroposophischen Arbeit in Deutschland(Notcias dotrabalho antroposfico na Alemanha), Stuttgart.2

    Agora contido nosAufstze ber die Dreigliederung des sozialen Organismus undzur Zeitlage 1915-1921 (Ensaios sobre a trimembrao do organismo social e dasituao do perodo de 1915-1921), GA 24, Dornach 1982.

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    Este o lema da tica social

    Esse verso utilizado por muitos grupos que se ocupam com oestudo da trimembrao do organismo social e tambm por aqueles queesto ativos no mbito social, seja no comeo das suas reunies, como lema

    da sua revista ou de modo mais contemplativo, para proporcionar ao seutrabalho uma orientao espiritual.

    Eu mesmo pude vivenciar que com o ouvir repetido do verso surgiauma rotina. Era como se o contedo se retrasse para trs de um vu. Maistarde, porm, tive pensamentos que deram ao contedo um efeito novo,irradiante. Quero relatar algo a respeito disso, no para, por assim dizer,submeter o verso a uma exegese, seno como possvel enriquecimento paraoutros que tambm vivem com este verso. Naturalmente uma frmula demistrios como esta pode ser vista a partir dos mais diversos pontos devista.

    No me parece inteiramente insignificante que Rudolf Steiner tenhadedicado este verso justamente a uma escultora. O verso desvenda osprincpios do organismo social. No decorrer desta observao nsindicaremos que os mistrios do corpo fsico humano portam em si essesprincpios constituintes. E no justamente uma escultora a pessoa quetem uma relao intensa com uma figura humana, com o templo do corpohumano, quando ela , por assim dizer, expe um corpo humano a partirde um determinado material?

    O verso comea com as palavras: Curativo s ... . Este comeo jindica o lugar espiritual do qual o efeito do verso todo emana: ele mercurial-rafalico. Ele indica para um processo curativo, que traz aconvalescena, processo o qual diz respeito comunidade. Acomunidade, o organismo social, perdeu a sua coeso, adoeceu. Como que ela pode voltar a se tornar uma totalidade, o que capaz de cur-la?

    O verso indica para as fontes ocultas de uma higiene social. Poder-se-ia consider-lo como uma estrela-guia para o ocultismo higinico, querdizer, para a tarefa qual Rudolf Steiner se referiu justamente para o centroeuropeu.3 A esse impulso curativo certamente tambm se destina a lei

    social principal que Rudolf Steiner j formulou no ano 1905. Pois ela comeacom as palavras: A prosperidade de uma coletividade de pessoas quetrabalham juntas... 4.

    3 Compare Die soziale Grundforderung unserer Zeit. In genderter Zeitlage. (Aexigncia social bsica da nossa poca. Em situao temporal modificada.), GA 186,Dornach 1990, sobre o ocultismo higinico na palestra de 1 de dezembro de 1918.4A prosperidade de uma coletividade de pessoas que trabalham juntas ser tantomaior quanto menos o indivduo reivindicar o produto do seu trabalho para si, querdizer, quanto mais ele compartilhar esses produtos com os seus co-laboradores equanto mais as suas prprias necessidades forem contentadas no pelo seutrabalho, seno pelo trabalho dos outros.In Geisteswissenschaft und soziale Frage

    (Cincia espiritual e questo social), contido em Luzifer-Gnosis, GrundlegendeAufstze zur Anthroposophie und Berichte aus den Zeitschriften Luzifer undLuzifer-Gnosis (Ensaios fundamentais sobre a Antroposofia e relatos das revistas

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    Quando um verso com as suas palavras iniciais se aliar toevidentemente a um impulso curativo, pode-se esperar no seu decursoulterior um ritmo conciliador e harmonizador. Ns sabemos que a fonteprimria de toda sade, de toda cura, o ritmo. O ritmo liberta o que estimobilizado e combinado com a matria. Ele traz o material para o caminho

    do esprito. Nas palestras de arcanjo Rudolf Steiner descreve comojustamente Rafael, o esprito curador age no mbito rtmico no homemenquanto ser respiratrio. O ritmo a fora compensadora entre dois plos,no campo fisiolgico o entre o plo metablico-motor e o plo nervo-sensorial.5

    Ser que conseguimos descobrir uma polaridade igual a essa noverso? Ela est evidente. Todo o verso se distingue pelos dois verbosformar e viver. Quem nessa ocasio no pensa no impulso para a formae matria, de Schiller? O plo superior forma, afeioa, plasma; o plo

    inferior proporciona fora, vida movimento. No centro surge o espao para oimpulso ldico, para o artista cuja metamorfose mais elevada Schillerreconheceu como sendo o artista social. Assim ns temos uma primeiraaluso de como o mbito social surge como qualidade intermediria entredois plos.

    Vamos observar agora os dois plos com um pouco mais de precisoe comecemos com o plo superior. As palavras alma do ser humano estoem posio central (assim como na frase polar a palavra alma individual).No espelho dessa alma do ser humano deve se formar toda a comunidade.Isso j nos d uma idia de onde ns temos que procurar esse elemento

    especular.

    Seria um equvoco se nesse ponto do verso lssemos: No espelhoda alma humana. Certamente existem tradues para outras lnguas quedesfiguram o verso desse modo, mas apenas precisamos nos recordar decomo a alma humana constituda como campo de batalha entre forascontrrias lucifricas e arimnicas. Foras agem nela que para a observaoespiritual se assemelham ao animal no precipcio. Que aspectofantasmagrico teria a comunidade se ela tivesse que se espelhar na almahumana!

    Mas no lemos no espelho da alma humana, seno no espelho daalma do ser humano. E alma do ser humano o termo que no verso dapedra fundamental soa trs vezes, como invocao:6

    Alma do ser humano, tu vives nos membros,

    Luzifer e Luzifer-Gnosis) 1903-1908, GA 34, Dornach 1987.5 STEINER, Rudolf. Das Miterleben des Jahreslaufes in vier kosmischenImaginationen (O co-vivenciar do ciclo do ano em quatro imaginaes), GA 229,Dornach 1989, especialmente a palestra de 13 de outubro de 1923.6

    Ver STEINER, Rudolf. Die Weihnachtstagung zur Begrndung de AllgemeinenAnthroposophischen Gesellschaft 1923/24 (O Congresso de Natal para a fundaoda Sociedade Antroposfica Geral 1923/24), GA 260, Dornach 1985.

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    Alma do ser humano, tu vives no batimento cardaco-pulmonar,

    Alma do ser humano, tu vives na cabea em repouso.

    No espelho dessa alma primordial do ser humano, que de modotriplo vive no templo do corpo, deve se formar toda a comunidade. Essaalma primordial do ser humano porta em si os triplos pensamentosresplandecentes em cuja luz o organismo social pode se plasmar de modotrimembrado. No terceiro captulo de Pontos essenciais da questo social7, Rudolf Steiner fala sobre os pensamentos primordiais que formam a basede todas as organizaes sociais. Nos dois pargrafos que se seguem eleento usa nove vezes a mesma palavra pensamentos primordiais(Urgedanken). Onde ns devemos procurar esses pensamentosprimordiais? A resposta para essa pergunta encontra-se no prprio textodos pontos essenciais.

    No incio do segundo captulo, ele fala que o pensar e o sentirhumanos precisam aprender a sentir aquilo que possvel que viva combase na observao do organismo que est em conformidade com anatureza e ento podero aplicar isso ao organismo social. Na sequnciaele narra o organismo humano trimembrado em conformidade com anatureza como sendo a imagem de observao em que esse modo desensao pode ser exercitado. Aqui parece estar escondida a chave queabre o portal para os pensamentos primordiais. Os pensamentosprimordiais que formam a base de todas as organizaes sociais podem serencontrados no mbito da alma primordial do ser humano que vive na

    cabea, no corao e nos membros.

    Nessa alma do ser humano agem os pensamentos primordiais queso capazes de formar o organismo social em conformidade com o serhumano. O que isso significa para a nossa poca, Rudolf Steiner expressouquando falou sobre a trimembrao do organismo social para uma vidaespiritual livre, uma vida jurdica democrtica e uma vida econmicafraterna-associativa.

    Vamos agora dar ateno palavra espelho:

    O que quer dizer que toda a comunidade se forma no espelho daalma do ser humano? A palavra espelho no plo superior, no plo-forma doverso de incio surpreendente. Rudolf Steiner frequentemente fala docrebro como aparelho especular do pensamento. O crebro com a suasubstncia falecida no tem nenhum efeito orgnico prprio, trata-se de umaparelho essencialmente refletor. Por isso ns podemos vivenciar liberdadeno pensar. Na observao do prprio processo de pensamento ns nosencontramos em um processo completamente legvel, no qual forasinconscientes ligadas natureza no influem. Esse processo no apenas

    7 STEINER, Rudolf. Die Kernpunkte der sozialen Frage (Pontos essenciais da questosocial), GA 23, Dornach 1976.

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    trax mercriomercrio vida jurdica

    membros enxofre sal vida econmica

    O organismo social aparece espelhado em comparao aoorganismo humano. Nessa disposio as qualidades de sal e enxofre estoem posies cruzadas.

    Uma observao que olha para o serhumano individual poderiadizer: o resultado da vida espiritual importante para o homem-cabea, osprodutos da vida econmica podem nutrir o ser homem inferior. Por isso osdois esquemas esto confrontados desse modo. Assim que ns, no entanto,assumirmos um modo de observao social e perguntarmos qualsignificado funcional tem, por exemplo, a vida espiritual como sistemaorgnico para o organismo social total, a coisa vira de cabea para baixo,ela espelhada. O organismo social nutrido pelos talentos e ascapacidades das pessoas. O que estas trazem para dentro em forma deiniciativas, juzos de valores, de pensamentos fora para o organismosocial, cria movimento, muitas vezes tambm caos, porque o sistema sedefende.

    como um absorver de alimentao fsica: ela vivenciada pelocorpo como sendo algo inimigo, atacada, desintegrada, digerida. A partirdos efeitos das foras desse processo, a partir do plo superior, do ploneuro-sensorial, formada substncia nova e o corpo mantido, ou antes,edificado.

    Todos os impulsos inovadores e criativos que so trazidos porpessoas para dentro de grupos, organizaes e para a sociedade tambmtm esse destino. Eles, de incio, so recusados, at que tenham ocorridoconflitos. Uma sociedade com pessoas apenas adaptadas, que no trazem

    impulsos criativos e prprios no tem nada para digerir e perece. Dessemodo pode surgir compreenso para o fato de a vida espiritual noorganismo social ter carter de enxofre.

    Qual o caso da vida econmica? Na vida econmica trata-se deuma percepo bem precisa das necessidades e das possibilidades desatisfao por um lado, e a concentrao dessas percepes em planos deproduo concatenados e sintonizados, por outro lado. Isso parecido como que realiza o plo superior, o plo nervo-sensorial: os sentidos coletam assuas impresses atravs dos mais diversos portais. O pensar procurapensamentos que deem coeso.

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    Existe ainda outra maneira de tornarmos presente de que modo oplo superior tem carter de sal. Capacidades sempre tm algo deindefinido, talentos em si so foras. Eles ainda deixam em aberto, ondepodero ser aplicadas. Uma mulher tem o impulso e a capacidade de cuidarde pessoas doentes. Essa fora ainda indefinida obtm a sua forma mais

    definida pelo plo oposto das necessidades que anseiam por ela. EmHeidelberg, no hospital municipal, na terceira estao precisa-se de umaenfermeira, porque pessoas necessitam que ela as ajude. Ou: um jovemrapaz adquiriu a capacidade de compreender processos mecnicos etambm a lidar com eles de maneira prtica. Tambm atravs dele agemforas que ainda podem ser plasmadas nas mais diversas direes. Issoocorre, por exemplo, quando ns finalmente vemos esse homem emHamburgo no bairro X, trabalhando na oficina mecnica Y, porque amotoristas precisam de uma oficina de modo bem concreto. Assim tambmpodemos obter uma relao para o fato de na vida econmica sendo ela

    um rgo do organismo social trimembrado agirem as foras do sal.

    Se ns agora voltarmos em pensamento para a nossa observaosobre a pureza e abnegao do processo especular, poderemos concretizarisso um pouco no sentido da trimembrao social: a vida espiritual exigeum sacrificar altrusta de capacidades, a vida econmica exige um

    perceber altrusta das necessidades, e na vida jurdica somente

    com um sentir puro pode ser vivenciado se as relaes mtuas so

    de fato justas.

    Essa ltima observao sobre o fenmeno do espelho no mbito

    social no quer excluir que a frase No espelho da alma do ser humano...tambm possa ser compreendida de forma completamente diferente. Elaento teria o significado de que uma comunidade curativa se forma apenasquando o ser humano ampliar a sua alma para que ela envolva toda acomunidade; quando tudo que ocorre na comunidade se espelhar, isso querdizer, for reconhecido na prpria alma; quando nada for instalado do ladode fora que no tenha uma relao real com o ser humano (com a alma doser humano).

    Uma singularidade pode sobressair na comparao das duas partes

    do verso. Na primeira parte est escrito: toda a comunidade. Na segundaparte vemos: na comunidade. Na primeira parte trata-se das disposiesamplas que devem formar o organismo-humanidade. Na segunda partetrata-se dos efeitos concretos de foras que emanam de todo ser humano,

    justamente tambm no menor mbito social: no dilogo e no encontro.

    Voltemos agora segunda parte. A palavra-chave que deve nosocupar imediatamente so as palavras alma individual. O que ser queisso quer dizer e onde ns devemos procurar a fora da alma individual?

    Uma primeira resposta se d quando, na palavra, vivenciamos algo

    da qualidade da alma isolada. Enquanto as pessoas se emancipam eindividualizam sempre mais, todas as relaes com a natureza, para o

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    prximo e para o seu mundo espiritual so interrompidas. As pessoas sosempre mais lanadas sobre si mesmas. Solido e alienao so aexpresso disso. Isso pode provocar a fora positiva (a fora da almaindividual) de atar novos relacionamentos, tomar novas iniciativas etc. Nssabemos, no entanto, que esse isolamento anmico, essa alienao

    tambm facilmente pode levar agressividade, ao seguimento decoletividades que anulam o Eu e fuga para as drogas.

    Para uma segunda resposta talvez mais satisfatria acima jest indicada a direo. Em palestras para membros durante a poca detrimembrao11, Rudolf Steiner narra como durante toda a primeira metadedo desenvolvimento terrestre os espritos da forma so os sereshierrquicos dirigentes. So eles que trabalham no corpo fsico humano,para que essa conformao seja a expresso de um esprito humano livrenela residente. At pelas culturas ps-atlnticas esse trabalho na

    conformao fsica do ser humano continua. As formas sociais, em que acultura humana ocorre so uma conseqncia imediata dessa atividadecriadora. Elas tm origem na atividade desses seres, os Exusiai, do mesmomodo como as formas do corpo humano.

    Rudolf Steiner descreve como esse trabalho chegou a umaconcluso e com isso a posio dirigente dos Exusiai est encerrada.12 Ocorpo do ser humano est formado. A direo do desenvolvimento terrestrepassou, na nossa poca, para os espritos da personalidade. O que restou deformas sociais do passado, da poca de direo dos Exusiai rapidamenteperde a fora sustentadora. Estruturas tradicionais da sociedade se

    desfazem, e onde elas ainda existem, agem de forma sempre maisnegativa. Na nossa poca, novas formas sociais e novas estruturas dasociedade devem mais e mais surgir a partir das foras da personalidade,isso quer dizer a partir de iniciativa prpria e atravs de padres inspirados.Com foras desse tipo os Archai conseguem trabalhar positivamente.

    Tambm nesse sentido as palavras fora da alma individual seriam defcil compreenso.

    Existe ainda uma terceira possibilidade de aproximarmo-nos do seusignificado. A questo social em sua essncia uma questo espiritual. Ela

    s pode ser resolvida se pessoas, a partir de uma nova conscinciaespiritual, obtiverem pensamentos e impulsos. O reconhecimento dosmundos superiores possvel desde que a era da luz se iniciou, desde que ahumanidade atravessou o limiar.

    Agora, a passagem do limiar , por exemplo, descrita de tal formano livro O conhecimento dos mundos superiores 13 que pensar sentir e11 STEINER, Rudolf. Der innere Aspekt des sozialen Rtsels. (O aspecto interno doenigma social), GA 193, Dornach 1989. Palestra de 1 de janeiro de 1919.12 STEINER, Rudolf. Wie kann die Menschheit den Christus wiederfinden? (Comopode a Humanidade reencontrar o Cristo?), GA 187, Dornach, 1979, palestras de 28

    de dezembro de 1918, de 31 de dezembro de 1918, de 1 de janeiro de 1919.13 STEINER, Rudolf. Wie erlangt man Erkenntnisse der hheren Welten?, GA 10,Dornach 1993.

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    querer se separam. Existe ainda outro ponto de vista. Este Rudolf Steinerapresentou nas palestras de Helsingfor14. Ele traz os trs grandes heris daKalewala, Vinminen, Lemminkinen e Ilmarinen, relacionados com aalma da sensao, a alma da ndole e a alma da conscincia, do serhumano. Ele descreve como com o transcender do limiar esses trs

    membros anmicos se tornam independentes a partir de uma alma unitria.Elas se apresentam como trs almas individuais. Na nossa era da alma daconscincia cada ser humano tem essas trs almas dentro de si. Atravs dapassagem inconsciente do limiar e com mais intensidade se ele trilhar umcaminho de aprendizado essas almas individualizam-se e se tornamalmas individuais.

    A prxima questo , quais so agora as foras especficas dessastrs almas individuais.

    Em palestras de 1912 Rudolf Steiner d pontos de vista pararesponder a essa pergunta15. Ele descreve como a alma com o processo deencarnao progredido estava em perigo de se trancar sempre mais na suaprpria egoidade.

    Com o incio do desenvolvimento da alma da ndole aparecem trsforas anmicas que s ento podem vir sua atuao plena quando a alma

    j alcanou certo isolamento. Por outro lado ento tambm se formam aspontes sobre as quais a alma, crescendo alm de si mesma, podenovamente se unir com o mundo.

    A primeira fora anmica Rudolf Steiner descreve como a virtude daalma da sensao: ela d a possibilidade da admirao. O ser humano spode admirar-se do mundo dos sentidos porque imagens oriundas do pr-natal se movem no corpo astral. As impresses sensoriais exteriores porassim dizer no coincidem com o que surge a partir da sabedoria do corpoastral. Toda cincia comea com admirao, diz Plato. Todo cientistaacredita em uma verdade ou sabedoria que ele possa desvendar nosfenmenos. Rudolf Steiner tambm chama o corpo astral de corpo da f: ocorpo astral quer se alimentar da sabedoria da antiga Lua, da qual seorigina. O anseio por esse alimento se demonstra na sua f. Quando o Euforma para si no corpo astral a alma da sensao, a ao mesmo tempo seforma a fora com a qual essa alma pode crescer alm de si mesma: alembrana pr-natal desperta a fora do interesse, e nas asas dessa fora a

    (STEINER, Rudolf. O conhecimento dos mundos superiores. 6. ed. So Paulo:Antroposfica, 2004.)14 STEINER, Rudolf. Der Zusammenhang des Menschen mit der elementarischenWelt. Kalewala Olaf Asteson Das russische Volkstum. (A ligao do ser humanocom o mundo elementar. Kalewala Olaf Asteson A ndole nacional russa.), GA158, palestra de 9 de novembro de 1914.15 Sobre o tema interesse, compaixo, conscincia em: STEINER, Rudolf. Christusund die menschliche Seele (Cristo e a alma humana), GA 155, Dornach 1994,palestra de 30 de maio de 1912; Der irdische und der kosmische Mensch (O ser

    humano terreno e o ser humano csmico), GA 133, Dornach 1989, palestra de 14de maio de 1912; Erfahrungen des bersinnlichen (Experincias do supra-sensreo), GA 143, Dornach 1983, palestra de 8 de maio de 1912.

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    alma pode construir a ponte da realidade sensria para a realidadeespiritual que dentro dela age.

    A segunda fora anmica Rudolf Steiner descreve como a virtude daalma da ndole: ela fornece a possibilidade da compaixo, do con-viver, hoje

    chamado de empatia. Assim como Plato, no comeo da quarta pocacultural, indicou para o admirar, Buddha, na sua poca falou sobre acompaixo, bem como os fundadores de religies Lao Tse, Confcio,Zoroastro e tambm Pitgoras. Quando o Eu submerge no corpo etrico, elemergulha no reino das foras vitais, das foras da luz, das foras do amor. Apartir do corpo etrico surgem foras que permitem aos seres humanos queamem. Quando o Eu desse corpo etrico forma para si uma alma da ndole,ao mesmo tempo se forma a fora com a qual essa alma consegue cresceralm de si mesma. No encontrar imediato com uma outra pessoa ela entoconsegue co-vivenciar os sofrimentos e as alegrias dessa outra alma, ela

    consegue sensorear o espiritual do outro ser humano.A terceira fora anmica Rudolf Steiner descreve como a virtude da

    alma da conscincia. Tambm essa fora surge pela primeira vez no incioda quarta poca cultural. Tanto squilo como Eurpides dramatizam amboso destino de Oreste que mata a sua me Clitemnestra para vingar o seu paiAgamenon, morto por ela. Deixa que as Ernias ainda ajam de fora. Elasatormentam o ser humano como ser do destino, apresentando-lhe os seusprprios atos. Em Eurpides a transformao j se deu. Nos seus dramassurge a conscincia como voz interior. Para isso ele at forma uma palavrasnedsis. No decorrer dos sculos essa conscincia se internalizou

    sempre mais, at que ela, em nossa poca, a poca da alma da conscincia,surge a partir das foras do corpo fsico. Rudolf Steiner tambm chama ocorpo fsico de corpo da esperana. Esse corpo a razo mais profundada nossa confiana no futuro. No corpo fsico est arraigado o nosso carma.Ns temos a esperana de que podemos realizar o nosso carma. O corpofsico tem o passado mais remoto at o antigo Saturno, mas as suas forasalcanam muito longe para dentro do futuro at o homem-esprito emVulco. Quando o Eu no corpo fsico forma a alma da conscincia, aomesmo tempo forma-se a fora com que essa alma pode crescer alm de simesma, e isso ocorre quando ela, no terreno, est ativa concretamente.

    Se a conscincia antigamente era uma voz que indicava para opassado, para leis morais que ns tnhamos infringido, assim no nossotempo a conscincia se torna sempre mais um rgo de viso com o qualns vemos os prprios atos diante de ns como em uma imagem. O que nsnormalmente percebemos apenas no ps-morte como realidade espiritual,

    j na terra observado pela conscincia. um tipo de observaoespiritual, mas sempre relacionado ao agir concreto. No futuro essa fora setorna um rgo de viso para a atividade do corpo etrico.

    Assim surge uma imagem ao que no verso se alude com a fora daalma individual. Interesse, compaixo e conscincia so as foras da almada sensao, da alma da ndole e da alma da conscincia. Atos praticados a

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    partir de interesse, atos de compaixo, atos de conscincia so capazes decriar uma realidade social inteiramente nova, as foras contrrias de rime Lcifer sabem muito bem disso, porque podemos descrever a sua atuaocomo sendo exaustiva no mbito social, sob esse ponto de vista.

    Lcifer toma a fora do interesse e faz dela curiosidade,sensacionalismo. A o ser humano nem est de fato interessado nosfenmenos, seno nas sensaes e emoes imediatas que eles neledespertam.

    Ele pode tambm fazer dessa fora um interesse frio e comercial. Oempresrio em muitos casos nem est realmente interessado nasnecessidades dos clientes. Ele precisa do cliente para a venda. O interesse to egosta como na sensao. rim mata a fora do interesse atravs domedo nesse caso nem observamos mais os fenmenos ou atravs daformulao precipitada de conceitos abstratos. O fenmeno tem agora umnome, j no mais preciso observ-lo.

    Tambm para a fora da compaixo, do con-viver ou doreconhecimento as foras contrrias se interessam. Lcifer faz disso umaimagem distorcida, fazendo com que a pessoa s reconhea aquelaspessoas como iguais que so do mesmo tipo: Eu te reconheo porquevoc tambm brasileiro, muulmano, berlinense, um mdico, um f doclube de futebol X. um reconhecimento com base em uma participao deum grupo e no com base na percepo da sua individualidade.

    O mesmo reconhecimento com base no grupo pode se mostrar naforma de um reconhecimento com base em uma utilidade. Somoreconhecidos como faxineira, como vizinho, como fornecedor, como colegacientfica, enquanto somos um meio til para os fins do outro.

    rim mata as foras de compaixo ou com presentes de dinheiro Eu dei dinheiro, porque eu devo me preocupar alm disso? ou comfornecimento de tanta informao que provoque compaixo, que ns nostrancamos em ns mesmos. Tambm em pessoas que convivem com amisria em seu mbito de trabalho podemos perceber que elas se isolamem um profissionalismo frio e distanciado como medida de auto-proteo.

    E por fim a fora da conscincia, da responsabilidade: Lcifer fazdela ocasio de um grupo de liderana elitista que tem a opinio de quetodos os cidados, os empregados, os pacientes no so capazes decarregar a responsabilidade por no possurem a viso panormica do todonem o conhecimento tcnico necessrio. Responsabilidade coisa deperitos, tecnocratas, empresrios de ponta, dos polticos no poder.

    rim tenta separar completamente a responsabilidade daspessoas. Ele diz: O mundo muito complexo e muito interligado. E comisso ningum mais realmente responsvel. Tentem construir sistemasinteligentes e deixem a responsabilidade com o sistema. Esta brevedescrio da estratgia das foras contrrias demonstra que as foras da

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    admirao, da compaixo e da conscincia do interesse, doreconhecimento e da responsabilidade (tambm podem ser chamadas def, amor e esperana) de fato so trs enormes foras construtivas. Apartir dessas foras, pela influncia do plo superior, poderia surgir umavida espiritual livre, uma vida jurdica democrtica e uma vida econmica

    fraterna.16 Na Parte 2 esse ponto de vista ser estendido mais.

    Ns encontramos para a primeira parte do verso uma relao com overso da pedra fundamental. Ns falamos, como a alma humana vive nostrs sistemas de rgos e como dentro dela agem os pensamentosprimordiais que proporcionam ao organismo social a sua forma curativa.

    Tambm para a segunda parte do verso pode-se pensar uma relaoigual. O que o ser humano deve fazer para despertar as foras dormentesnas suas trs almas individuais, a dizer interesse, compaixo e conscincia.A mim parece ser a resposta: o exercitar de lembrar no esprito, refletir noesprito e ver no esprito. Pelo lembrar no esprito nos ligamos com o pr-natal, a fonte de toda admirao e de todo o interesse. Pelo refletir noesprito despertamos as foras pelas quais vivenciamos a realidadeespiritual da outra pessoa no encontro. No ver no esprito despertamos asforas que podem ver as consequncias da nossa ao j no presente.

    Curativo s , se

    No espelho da alma do ser humano

    Se formar toda a comunidade;

    E na comunidade

    Viver a fora da alma individual.

    Parte II

    As observaes na Parte 1 precedente podem ser aprofundadasincluindo-se a atuao das hierarquias, especialmente da segundahierarquia.

    Por meio das suas investigaes da cincia espiritual Rudolf Steinerpovoou novamente o mundo espiritual para a conscincia moderna. A

    16 Sobre o tema f, esperana, amor em: STEINER, Rudolf. Die Mission der neuenGeistesoffenbarung (A misso da nova revelao do esprito), GA 127, Dornach

    1989, palestra de 14 de junho de 1911; Das esoterische Christentum und diegeistige Fhrung der Menschheit(O cristianismo esotrico e a liderana espiritualda humanidade), GA 130, Dornach 1987, palestras de 2 e 3 de dezembro de 1911.

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    multiplicidade dos fenmenos sensitivos nos reinos da natureza espelha-sena multiplicidade igualmente grande de entidades no mundo espiritual. Adoutrina das hierarquias de Rudolf Steiner d conscincia moderna apossibilidade de formar para si imagens dessas entidades, de relacionar-secom elas, de viver com elas.

    A Cincia Oculta17 o grande acorde de abertura dessa nova msicadas hierarquias. Em grandes esquemas toda a evoluo descrita comoefeito de seres hierrquicos. Por toda a obra conseguinte de Rudolf Steineressa msica permanece sempre audvel: de modo sempre mais concreto ecom mais detalhes ele descreve a ao de seres hierrquicos na natureza,no ser humano individual, na vida social, na Histria, na vida entre a mortee o novo nascimento e muito mais. No Verso da pedra fundamental18 docongresso de Natal 1923/24 essas melodias soam juntas novamente paraum poderoso acorde conseguinte: todas as nove hierarquias so evocadas

    em trs vezes trs corais na perspectiva da triplicidade. E depois docongresso de Natal Rudolf Steiner volta a aumentar a msica dashierarquias: nas cartas e nas mximas para os membros, nas palestrassobre o carma e nas aulas de classe.

    A seguir deve ser descrito um pouco o que eu vivencio como aatuao da segunda hierarquia na vida social. A segunda hierarquia Kyriotetes, Dynameis, Exusiai so os espritos da luz, os espritos solares,os espritos que esto mais prximos do Cristo e que querem servi-lo.

    justa a pergunta sobre quais so as suas tarefas com vista salvao daalma e com vista cura da vida social. Aqui eu quero mencionar a mxima

    67.19 a mxima do meio de um grupo de mximas (66-68), ela diz:

    67. As entidades da segunda hierarquia se revelam em um anmicoextra-humano que como acontecimento est oculto ao sentir humano. Essecsmico-anmico atua nos panos de fundo do sentir humano. Ele forma oessencial-humano para organismo do sentimento, antes mesmo que nessemesmo possa viver o sentir.

    Dentro dessa mxima principalmente um trecho a que devemosdar ateno: O csmico-anmico forma o essencial-humano para organismodo sentimento. Devemos tentar decifrar um pouco essas palavras crpticas.

    Como j foi mencionado no primeiro ensaio, a cincia espiritualdiferencia na alma humana a alma da sensao, a alma da ndole e a almada conscincia. Se eu no dividir a alma em pensar, sentir e querer, comonormalmente se faz, seno de modo como acabou de ser indicado, eu entro

    17 STEINER, Rudolf. Die Geheimwissenschaft im Umriss, GA 13, Dornach 1989.(STEINER, Rudolf.A Cincia Oculta, GA 13. 6. ed. So Paulo: Antroposfica, 2006.)18 O verso da pedra fundamental se encontra em : STEINER, Rudolf. DieWeihnachtstagung zur Begrndung de Allgemeinen AnthroposophischenGesellschaft 1923/24 (O Congresso de Natal para a fundao da Sociedade

    Antroposfica Geral 1923/24), GA 260, Dornach 1985.19 STEINER, Rudolf.Anthroposophische Leitstze (Mximas antroposficas), GA 26,Dornach 1989.

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    em um modo de observao completamente diferente. A alma da sensaoindica para o comeo de um grande processo de transformao do corpoastral para personalidade espiritual, e do mesmo modo os outros membrosanmicos indicam para processos de transformao do corpo etrico e docorpo fsico. Uma observao da alma assim, onde em si se fala sobre a

    transformao das camadas em seu ser uma observao alquimistarosacruciana.

    Essa trimembrao da alma foi observada pelo pesquisador doesprito no mundo espiritual justamente como realidade. Quando opesquisador do esprito direciona o seu olhar para essa realidade, ele vtrs vertentes, s quais no mundo espiritual correspondem s trsentidades que so as inspiradoras diretas da alma da sensao, da alma dandole e da alma da conscincia.20

    Uma conscincia clarividente de fato j diminuda pde, no extremonorte escandinavo, expressar em imagens essas vertentes e condensou-as na Kalewala. Vinminen como imagem para a alma da sensao,Ilmarinen como imagem para a alma da ndole, Lemminkinen comoimagem para a alma da conscincia.

    Quando agora a cincia espiritual fala das trs entidades que so asinspiradoras imediatas dos trs membros anmicos do homem que forammencionados onde encontr-las? Ns podemos imaginar que so asentidades da segunda hierarquia, que os Kyriotetes so os inspiradoresimediatos da alma da sensao, tambm chamada de alma da intuio,

    que os Dynameis so os inspiradores imediatos da alma da ndole, tambmchamada de alma da inspirao, que os Exusiai so os inspiradoresimediatos da alma da conscincia, tambm chamada de alma daimaginao? Podemos ns imaginar que o ser crstico dividiu a alma em trsmembros para mais tarde nela poder viver e que os seus trs sereshierrquicos auxiliares o ajudaram nisso?

    Pelo fato de a alma j antes da sua descida ter obtido essa formatrimembrada , ela tambm pode dar essa marca trimembrada corporalidade com a qual ela ento se envolveu. Por isso, no verso da pedrafundamental ouvimos que a alma vive de maneira tripla: nos membros,no batimento cardaco-pulmonar e na cabea em repouso.

    Se a segunda hierarquia o csmico-anmico que cria no pano defundo do sentir humano, nos podemos entender que justamente na segundaparte do verso da pedra fundamental, vemos: ... e voc sentirverdadeiramente. Esse sentir verdadeiro deve agora segundo a mximacitada vir sua expresso em um organismo do sentir. Onde que nspodemos no tornar-se humano descobrir o fenmeno de um organismo dosentir desse tipo?

    20 STEINER, Rudolf. Der irdische und der kosmische Mensch. (O ser humano terrenoe o ser humano csmico), GA 133, Dornach 1989, palestra de 23 de abril de 1912.

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    A evoluo se d de uma maneira que o Eu humano um presentedos espritos da forma, dos Exusiai, mergulha passo a passo nas camadaspara isso preparadas. Mergulhando no corpo astral, a conscincia do Eu seilumina na alma da sensao, mergulhando no corpo etrico, a conscinciado Eu se ilumina na alma da ndole, mergulhando no corpo fsico a

    conscincia do Eu se ilumina na alma da conscincia. Nesse caminho jcedo existiu a ameaa na passagem da poca egpcia para a poca grega que a alma, por foras da forma do Eu que mergulhava para dentro,pudesse ficar apertada, pudesse se enrijecer em egoidade. Agora

    justamente nessa poca em curtos intervalos so despertados na paisagemanmica tripla os germes que, os trs, portam em si a possibilidade deelevar a alma sobre si mesma, de possibilitar a ela a ultrapassar a egoidadeapertada e assim criar a possibilidade de fazer surgir uma realidade socialcompletamente nova.

    Dos trs tesouros dourados da almaNo ensaio precedente foram citados os trs tesouros dourados da

    alma: admirao e interesse como virtude da alma da sensao; compaixo,con-viver e reconhecimento como virtude da alma da ndole; conscincia eresponsabilidade como virtude da alma da conscincia.

    Com essas trs qualidades anmicas a substncia essencial dosentimento da alma da sensao, da alma da ndole e da alma daconscincia est indicada. Os trs sentimentos da admirao, da compaixoe da conscincia se apiam e se condicionam mutuamente. Eles formam

    juntos um organismo do sentimento (mxima 67). O ser crstico ao descerdo Sol inflama na alma tripla trs luzes de sentimento para salvar a alma dasua prpria egoidade. E ns podemos imaginar que so trs categorias deseres ajudantes que o servem nisso.

    Por trs da admirao podemos pressupor a atividade dosKyriotetes. Toda sabedoria que deles emanou no incio do estado do antigoSol est oculto por trs do vu do mundo dos sentidos. A alma admiradorapressupe essa sabedoria por detrs do mundo dos sentidos e se pe acaminho (por exemplo, como cientista) de descobri-la. Isso j comea comAdo que est cheio de admirao por tudo que encontra no paraso e agoracomea a expressar os nomes das coisas. Tambm um pedagogo trabalha apartir dessa postura fundamental. Ele se admira sobre o ser da criana quese coloca diante dele e entende como sendo a sua tarefa desvendar asabedoria oculta o enigma da criana, ou melhor: ajudar a criana aencontrar a chave para o seu prprio enigma.

    Os Dynameis, espritos do movimento querem nos ajudar adespertar as foras da compaixo na alma. Os seres humanos so muitodiferentes. Para podermos movimentar-nos em conjunto, viver em conjuntoe depois tambm sofrer em conjunto interiormente, ns precisamos

    conseguir uma grande flexibilidade interior e fora de transformaointerior. Ns precisamos ser capazes de nos libertar de todas as

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    imaginaes, sentimentos, juzos de valores fixos etc., para que a realidadeda vida de uma outra pessoa possa penetrar em ns e para que nspossamos conviver com ela. Ns precisamos da fora dos espritos domovimento, da metamorfose, do desenvolvimento, para, por meio dessaflexibilidade interior podermos ativar as foras da compaixo.

    Quando o Eu na fase da alma da conscincia se torna consciente doseu prprio self21, quando o agir com conscincia for formado at paradentro do ato terreno, for cunhado com fora do Eu, ento existe apossibilidade e a necessidade de um despertar para as conseqncias dosprprios atos as consequncias para o meio-ambiente, para as pessoas,para o mundo espiritual. Sem a atividade dos Exusiai que juntamenteemitem a sua fora da forma para dentro dos nossos atos fsicos acentuadospelo Eu, as foras da conscincia, essa nova moralidade nunca ir florescer. Assim ns podemos imaginar (para citar novamente a mxima 67), como

    o csmico-anmico (as entidades da segunda hierarquia como ajudantes deCristo), forma o essencial-humano (as trs foras anmicas das almas dasensao, da ndole e da conscincia para o organismo do sentimento(combinao de admirao, compaixo e conscincia)

    Os trs passos do agir social

    O que acontece agora quando a alma de sentir triplo age comoexpresso desse organismo de sentimento? O agir social tem sempre trs

    aspectos, sempre ocorre em trs passos:1. Primeiro uma fonte de fora, um impulso, um motivo precisa se

    tornar ativo. Das profundezas da alma uma fora precisa selibertar, antes que o agir em si possa ocorrer.

    2. Colocado em movimento por meio dessa fora, agora no tempoocorre um processo, uma seqncia de aes.

    3. Como conseqncia desse processo finalmente se d no espaoo resultado, uma meta atingida.

    Motivo, processo, resultado so os trs elementos fundamentais detodo agir social. Podemos relacionar esses trs passos com as mais diversasatividades. Na pedagogia, por exemplo, podemos diferenciar entre motivode aprendizado, processo de aprendizado e resultado de aprendizado; nacincia fala-se de motivo de pesquisa (por exemplo, a questo inicial),processo de pesquisa (o caminho, a metodologia) e resultado da pesquisa; oconsumidor pode perguntar: qual o meu motivo de compra, como o meucomportamento de compra, qual o resultado da compra? Eu mesmodeixei-me acompanhar durante anos como colaborador do NPI (institutoholands para desenvolvimento organizacional) nos meus projetos de

    consultoria, das perguntas: qual o motivo de reorganizao do cliente,21 Em alemo, das Selbst. N.T.

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    como ocorre o processo de reorganizao e quais resultados se tornamvisveis?

    Certamente suprfluo mencionar-se que esses trs elementos nodevem ser vistos como fases consecutivas, seno como sistema vivo. Os

    elementos se condicionam e se carregam mutuamente, esto em constantedilogo um com o outro e se comportam como plos de uma polaridade.

    Nessa trilha trimembrada novamente somos acompanhados pelasentidades da segunda hierarquia. No motivo ns procuramos uma fonte defora. Ns procuramos tanto luz como tambm fora. Ns procuramosentusiasmo pelo agir. Ns procuramos por imagens-guia motivadoras. Hsculos os cristos, quando no altar pediam por fora para o seu agir, sedirecionaram para o Leste. O verso da pedra fundamental diz: Deixemiluminar o Leste! Mas tambm lemos: Ex oriente lux!. Esboadobrevemente aqui encontramos as qualidades de luz e calor. Ns nosdirecionamos para o lado onde nasce o Sol, na direo do pr-natal, o nossolocal de origem. Ali os espritos da sabedoria querem, como j ento noantigo Sol, sacrificar a sua sabedoria, para que, a partir da, ns possamoscolher motivos para o nosso agir.

    Noprocesso tudo se torna movimento, encontro, transformao,alquimia social. Em todo lugar onde impulsos do esprito querem se realizarno mbito social surge movimento, oposio, conflito. Processos desse tiponunca so retilneos como os tecnocratas imaginam e desejam. Elesrequerem fantasia, adaptao, metamorfose, movimento. A os Dynameis

    querem nos ajudar. Eles sacrificam a sua qualidade de movimento como jento na antiga Lua.

    Por fim, o processo leva a algum resultado. Ele quer encarnar-se,obter uma forma. Nisso nos ajudam os Exusiai, com a sua fora formativa,como eles j o fizeram desde o incio do desenvolvimento terrestre.

    Ns nessa seqncia de trs passos podemos pensar em umavariao do impulso da matria (motivo), impulso ldico (processo) eimpulso da forma (resultado), de Schiller22. Tambm a intuio moral, afantasia moral e a tcnica moral podem ser pensadas sobre o pano de fundo

    de motivo, processo e resultado.

    Assim como ns temos procurado a sabedoria a despertar vida noLeste, para as foras da forma precisamos nos direcionar para o Oeste.

    No verso da pedra fundamental, lemos: O que do Oeste se forma.Em face ao Ex oriente luxpodemos cunhar ex occidente forma. Apalavra latina occidere significa morrer. As foras da morte do Oestelevaram o processo a um resultado.

    22 Friedrich Schiller, escritor e poeta alemo, amigo de Johann Wolfgang vonGoethe. N.T.

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    Na igreja, para o ora(orar) estamos direcionados para Leste.Quem deixa a igreja para novamente entrar no mundo do labora(trabalhar), direciona-se para Oeste.

    Ns podemos refletir sobre o que foi dito acima, de forma resumida,

    nas trs fases semelhantes a versos da pedra fundamental:

    1. Deixem-nos encontrar no Leste, com a ajuda dos Kyriotetes, ailuminao para os motivos do nosso agir.

    2. Deixem-nos encontrar no centro, com a ajuda dos Dynameis, afora de transformao para os processos sociais.

    3. Deixem-nos encontrar no Oeste, com a ajuda dos Exusiai, a forada forma, para levar os processos ao resultado.

    Agora o Sol se ps no Oeste. Ele aparentemente passa por debaixoda Terra. noite at o prximo nascer do Sol. Em pequena escala o queocorre uma vida ps-morte. Nesse intervalo ns temos a possibilidade de:

    observar os resultados do nosso agir, do mesmo modo como ofazemos aps a morte no trabalho da vida;

    avaliar os processos que levam a essas aes e lembrar-nos delesassim como depois da morte no Kamaloka;

    processar, interiorizar os motivos dos quais tudo partiu de talmodo que da surja a fora e a direo para um novo impulso assim comodepois da morte no mundo espiritual.

    Se ns agora, de noite, a dizer na vida ps-morte observarmos,avaliarmos e processarmos dessa forma o resultado, o processo e o motivo,no dia seguinte eventualmente poderemos tomar o motivo novamente,formar melhor o processo, colocar o resultado no mundo de forma diferente.A morte no Oeste leva a uma ressurreio no Leste. Depois de todo o cicloter morrido no resultado, ele novamente encontra, no motivo, a nova vida.O todo est sob o signo no In Christo morimur.

    Com esse caminho do Sol do Leste pelo centro para Oeste e depoiso caminho de volta pela noite o arqutipo do ritmo dos mundos. Esseritmo dos mundos, ns o conhecemos em forma de muitas metamorfoses:como ritmo anual, como ritmo dirio, como ritmo do destino, como ritmo doagir em iniciativas e projetos. So esses ritmos do mundo que agraciam aalma. Quando no verso da pedra fundamental falado de agraciador dealmas (plural), ento primeiramente se pensa no fato de que os ritmos domundo so agraciadores para todas as almas humanas. Pode-se, porm,tambm ler esse plural de modo que os ritmos do mundo so agraciadorespara todas as trs almas individuais, para a alma da sensao, para a almada ndole e para a alma da conscincia!

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    O caminho de ida de Leste, passando por motivo, processo eresultado o caminho diurno, onde no agir o carma se realiza. O caminhode volta de Oeste para Leste, passando por observar, avaliar e processar o caminho noturno. Mas a partir da conscincia a pode brilhar o Sol.Nesse caminho ocorre oprocesso de aprendizado. Nesse caminho muitas

    vezes possvel muito mais liberdade do que no outro. Ns no apenasdevemos guardar esse caminho para a vida ps-morte ou para a noite(apesar de as duas serem imprescindveis para o processo de aprendizado),seno tambm dar forma a ele conscientemente de dia nosrelacionamentos sociais!

    Se ns procurarmos por um arqutipo para esses trs passospassando do motivo pelo processo ao resultado, ento ns o encontraremosno andar humano dividido em trs partes. Qual antropsofo no praticoueuritmia e vivenciou no prprio corpo o milagre do levantar, carregar,

    pisar? No levantar ns tomamos o impulso, o motivo, para o andar. O plevanta. No carregar, o p carregado no tempo de trs para a frente, dopassado para o futuro realmente um processo. No pisar o p colocadoem algum lugar no espao. O resultado do passo foi atingido. E agora, afora que a surgiu entra na Terra, atravessa a Terra e surge de baixo, porbaixo do p ainda firmado. No cho, para proporcionar o impulso para oprximo passo. Levantar, carregar, pisar e depois atravs da Terra para oprximo passo como o Sol que do Leste pelo centro para o Oesteacompanha o motivo, o processo e o resultado e ento, passando por baixoda Terra, coleta a fora para o prximo esforo. No levantar social (motivo),

    no carregar social (processo) e no pisar social (resultado) o Cristo caminhaconosco no destino.

    OESTE DynameisLESTE

    laboraora

    processo

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    lado diurno

    Exusiai carregarKyriotetes

    resultado colocar levantarmotivo motivo

    observarprocessar

    lado noturno

    avaliar

    O organismo social como espao vital do Cristo

    As trs ddivas, as trs sementes douradas da admirao, dacompaixo e da conscincia, colocadas pelo ser crstico na alma tripla com

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    a ajuda da segunda hierarquia, podem salvar a alma, pois elas a libertam dasua egoidade e a deixam despertar para o reinar da vontade de Cristo noentorno. As mesmas ddivas, no entanto, oferecem tambm o germe parauma vida social permeada de Cristo, sim at para um organismo social comque o Cristo pode se unir essencialmente. Para poder viver na Terra, para

    poder passar pela morte e ressurreio e para, por fim, se unir com a Terratoda, para isso o Cristo precisou de envoltrios de um nico ser humano, adizer de Jesus de Nazar. Para se unir com o Eu da Humanidade, com a vidasocial de todos os seres humanos, ele necessita de envoltrios que lhe sooferecidos pelo conjunto desses seres humanos. Ns j descobrimos osembries para esses envoltrios no organismo do sentimento. RudolfSteiner expressou esse reconhecimento esotrico arrebatador em termosclaros.23

    Um envoltrio astral oferecido ao Cristo por meio de todos os atos

    que se originam em interesse altrusta, que provm da fora da admirao.Atos dessa espcie criam uma vida espiritual livre na Terra. Essa vidaespiritual o plo de fora, o plo de calor do organismo social.24 No ensaioprecedente ns falamos nesse contexto sobre a qualidade do enxofre. Tudoo que o ser humano leva consigo do pr-natal e desenvolve em forma decapacidades e iniciativa pode se tornar alimento para o organismo social, seessas capacidades se tornarem produtivas na vida social a partir da fora daadmirao. Esse rgo do organismo social est fundamentado nosmistrios da luz, da sabedoria.25 O que Bernard Lievegoed descreve comosendo a fase pioneira, tambm tem essa qualidade.26 Nessa fase tudo est

    fundamentado nas capacidades pessoais e na iniciativa pessoal. Todo oempreendimento ainda tem o carter da vida espiritual.

    Um envoltrio etrico oferecido ao Cristo por todos os atos que seoriginam na compaixo, con-vivncia e reconhecimento. Atos desse tipocriam na Terra uma vida jurdica digna do ser humano e democrtica. ombito conciliador e curador do organismo social. No ensaio precedente nsfalamos a respeito disso sobre a qualidade de Mercrio. Tudo o que aspessoas a partir dessas foras da compaixo conseguem estabelecer emforma de processos sociais metamorfoseadores cura para o organismosocial. A vida jurdica como rgo do organismo social est fundamentado

    nos mistrios do ser humano ou do espao. O que Bernard Lievegoedchama de segunda fase no desenvolvimento de organizaes o despertarda organizao para a dinmica dos processos sociais e dosrelacionamentos humanos e tem a mesma qualidade como a aqui citadavida jurdica.

    23 Compare com as notas 15 e 16.24 STEINER, Rudolf. Die Kernpunkte der sozialen Frage (Pontos essenciais daquesto social), GA 23, Dornach 1976, segundo captulo.25 STEINER, Rudolf. Die Sendung Michaels. (O envio de Micael), GA 194, Dornach

    1994, palestra de 15 de dezembro de 1919.26 LIEVEGOED, Bernard C. J. Organisation im Wandel. (Organizao em transio),Berna/Stuttgart, 1974.

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    E por fim ao Cristo oferecido um envoltrio fsico por todos os atosque partem de foras da conscincia, de responsabilidade moral. Atos dessetipo criam uma vida econmica fraterna e associativa na Terra. Essa vidaeconmica constitui o plo formativo do organismo social. Na primeira partens mencionamos, nesse contexto, a qualidade do sal. Porque so as

    necessidades das pessoas que fazem com que as capacidades de outraspessoas se densifiquem para a forma de servios e produtos concretos.Dessas questes emanam poderosas foras formativas. Elas levam ascapacidades, que em si so apenas potncias sem rumo, para a forma deresultados de trabalho palpveis. A vida econmica como rgo doorganismo social est fundamentada nos mistrios da Terra. Onde ns navida econmica usamos a Terra como matria prima e por meio da divisodo trabalho criamos dependncias mundiais mtuas, a so necessrias asmaiores foras de responsabilidade moral, a preciso que se oua a voz daconscincia. O que Bernard Lievegoed menciona como a assim chamada

    terceira fase ou fase de integrao significa o despertar doempreendimento para as conseqncias dos atos do mundo. A pelaprimeira vez surge a conscincia para a verdadeira dimenso econmica doempreendimento.

    Assim cria-se a imagem toda, onde a partir do organismo dosentimento que o Cristo inspirou na alma tripla (os Kyriotetes o sentimentoda admirao na alma da sensao, os Dynameis o sentimento decompaixo na alma da ndole, os Exusiai o sentimento da conscincia naalma da conscincia), os mesmos espritos da segunda hierarquia

    possibilitam um organismo social que agora por sua vez novamente formaum envoltrio para o Cristo como esprito da Humanidade: os Kyriotetes apartir do sentimento da admirao formam um envoltrio astral para a almada intuio na vida espiritual livre; os Dynameis a partir do sentimento dacompaixo da alma da inspirao formam um envoltrio etrico na vida

    jurdica democrtica; os Exusiai a partir do sentimento da conscincia daalma da imaginao formam um envoltrio fsico na vida econmicaassociativa.

    A seguir seja demonstrado para finalizar como o Cristo e comele tambm as entidades da segunda hierarquia esto ligados aos trs

    sentimentos mencionados. Em 14 de maio de 1912, Rudolf Steiner profereuma palestra em Berlim, onde pela primeira vez fala sobre o fato de terchegado a hora e tambm ser possvel de chegar-se a umarepresentao de Cristo.27 esta a primeira palestra que a escultora EdithMaryon ouviu de Rudolf Steiner. Ns j a mencionamos no comeo doprimeiro ensaio, porque Rudolf Steiner escreveu para ela o verso Curativos .... Ela, com efeito, tinha conhecido a Antroposofia, mas ainda notinha encontrado o seu fundador. Na viagem para o Egito ela visitou noincio de maio de 1912 a loja teosfica de Milano. A ela ouviu que RudolfSteiner continuaria o seu ciclo de palestras O homem terreno e o homem

    27 STEINER, Rudolf. Der irdische und der kosmische Mensch. (O ser humano terrenoe o ser humano csmico), GA 133, Dornach 1989, palestra de 14 de maio de 1912.

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    csmico em meados de maio. Ela desistiu da sua viagem para o Egito eviajou diretamente para Berlim. Sem entender uma palavra de alemo, elaouviu Rudolf Steiner. Se ele foi capaz de dizer as palavras que so citadasporque ela estava na platia ou se ela precisou viajar para Berlim para ouviras palavras que a foram ditas, isso deixado em suspenso. Fato que ela,

    que deveria trabalhar com Rudolf Steiner durante os nove anos seguintesna esttua28, estava sentada na platia e ouviu as seguintes palavras:

    Para a representao de Cristo assim nas tentativas habituais noencontramos nem os princpios. Pois que aquilo deveria pr-se em evidnciaque representa a exterioridade nascente do articular em redor dos impulsosda admirao, da compaixo e da conscincia. O que nisso se expressadeve expressar-se de tal modo que o semblante de Cristo fique to vivo queaquilo que torna o ser humano ser humano terreno, o sensvel-volitivo sejasobrepujado por aquilo que espiritualiza o semblante. Deve existir fora

    mxima no semblante pelo fato de que tudo que deve ser pensado comodesdobramento mximo da conscincia se demonstre no queixo e na bocapropriamente formados, quando ele estiver nossa frente, quando o pintorou o escultor for form-lo, uma boca na qual podemos sentir que ela noest a para comer, seno para expressar o que alguma vez foi cultivado emmoralidade e conscincia na Humanidade, e para que junto a isso todo osistema sseo, o seu sistema dental e maxilar so formados como boca.Isso vir expresso em um semblante destes. Com essa forma interior dorosto estar ligada uma tal fora que irradia, despedaa e desfolha todo ocorpo humano restante, para que este passe a ter outro formato, pelo que

    outras foras determinadas so superadas, para que assim se torneimpossvel de dar ao Cristo que mostra uma boca destas qualquer formacorporal como o homem atual a tem. Em compensao se lhe dar olhosdos quais falar todo o mpeto da compaixo com que olhos podemobservar seres no para receber impresses, seno para com a almatoda passar para as suas alegrias e sofrimentos. E ele ter uma testa ondeno se pode presumir que as impresses sensreas da Terra sejam

    pensadas, mas sim uma testa que sobressair um pouco na frente sobre osolhos , se abobodar suavemente para trs por sobre a cabea, com issoexpressando o que se pode chamar de espanto sobre os mistrios domundo. Essa ser uma cabea que o ser humano no encontra naHumanidade fsica.

    So essas as foras, irradiando do Cristo por meio dos seus espritosauxiliares da segunda hierarquia, que querem salvar almas e a vida social.

    28 RAAB, Rex. Edith Maryon, Bildhauerin und Mitarbeiterin Rudolf Steiners. (EdithMaryon, escultora e co-laboradora de Rudolf Steiner), Dornach 1993. Edith Maryon

    trabalhou durante nove anos sob a direo de Rudolf Steiner na grande imagem deCristo o representante da Humanidade entre Lcifer e rim, que deveria terobtido um lugar central no primeiro Goetheanum.

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